Caso Marcha Frente Popular/Governo desmente organização que contesta regime no país
Bissau,30 Mai 24(ANG) - O
secretário de Estado da Ordem Pública guineense, José Carlos Monteiro,
desmentiu esta quarta-feira as alegações de um grupo de cidadãos que contestam
o regime no país e afirmou que não pediram autorização para realizar uma
manifestação pública.
Em conferência de imprensa, Monteiro reagiu às afirmações de líderes da Frente Popular, organização que junta associações juvenis, sindicatos e grupos de mulheres, que contesta o regime do Presidente guineense, Umaro Sissoco Embaló.
“Ninguém escreveu alguma
carta ao ministério do Interior", defendeu o secretário de Estado de Ordem
Pública.
A Polícia de Ordem Pública
(POP) deteve 93 pessoas, no dia 18, na sequência de manifestações organizadas
pela Frente Popular em diferentes pontos da Guiné-Bissau, um dia a seguir
libertou 84 e nesta segunda-feira soltou mais oito.
Entre os que foram
restituídos à liberdade nesse dia figura Armando Lona, jornalista e líder da
Frente Popular, a quem José Carlos Monteiro desafiou hoje a apresentar provas
de que teria enviado alguma carta a comunicar a realização da manifestação.
"Desafiamos às
organizações que fazem parte daquele grupo de cidadãos a apresentar cópia de
carta que entregaram ao Ministério do Interior", disse o governante.
Armando Lona disse, ao sair
do Ministério Público, na segunda-feira à tarde, que o Ministério do Interior
se recusou a receber a carta em que a Frente Popular dava conta da sua intenção
de realizar a manifestação que, lembrou, não carece de autorização de acordo
com a Constituição.
José Carlos Monteiro pede
ainda à Frente Popular que apresente no Ministério do Interior as pessoas que
alegam terem sido espancadas nas celas durante os dias em que estiveram
detidas.
“Estamos a desafiá-los a
trazer cá aquela senhora que diz ter sido vítima de espancamento aqui no
ministério, mas até hoje ninguém apareceu aqui", observou Monteiro.
Em imagens a circular nas
redes sociais de guineenses, uma mulher aparece com hematomas em várias partes
do corpo. A Frente Popular diz ser uma das vítimas de espancamentos.
O secretário de Estado da
Ordem Pública afirmou que a Frente Popular tinha outros planos durante a
manifestação de Bissau, inclusive, disse, deitar fogo ao mercado de Bandim,
principal centro de comércio da Guiné-Bissau.
José Carlos Monteiro
adiantou que o Ministério do Interior encaminhou para o Ministério Público
"todas as provas" que apontam para "outras intenções" da manifestação
da Frente Popular, entre as quais garrafas de gasolina e mensagens trocadas
pelos membros da organização.
"O Ministério do
Interior atuou para garantir a estabilidade e a ordem pública", sublinhou
Monteiro.
O governante diz não ser da
responsabilidade do Ministério do Interior que os membros da Frente Popular
tenham sido libertados, mas prometeu tornar público as mensagens sobre a sua
intenção com a manifestação.ANG/Lusa
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