Gabão/Governo nega actos de tortura e maus tratos ao ex-Presidente Bongo
Bissau, 17 Mai 24 (ANG) - O Governo gabonês negou que torturou e maltratou o ex-Presidente Ali Bongo e afirmou que este é livre de sair do país, em resposta a uma queixa apresentada em França pelos advogados da família, noticia a Lusa.
"O Governo deseja afirmar" que a família Bongo não
está a ser submetida "a qualquer forma de tortura ou maus tratos, como
afirmam os seus advogados", afirmou a porta-voz do executivo, Laurence
Ndong, na quarta-feira à noite, numa declaração transmitida pelo canal de
televisão estatal Gabon 1.
Na terça-feira, os advogados franceses da família Bongo apresentaram
uma queixa, em França, denunciando a "detenção ilegal", o
"sequestro agravado por acção de tortura" e "actos de
barbárie" cometidos contra vários membros da família de
Bongo.
Rejeitando as "acusações caluniosas e falsas que prejudicam
a imagem do Gabão", a porta-voz do Governo afirmou que a mulher do
ex-Presidente, Sylvia Bongo, cidadã franco-gabonesa, e o seu filho, Nourredine
Bongo, tinham sido "acusados de crimes extremamente graves".
"Recordamos que o antigo Presidente Ali Bongo Ondimba pode
abandonar o país quando lhe aprouver", prosseguiu, e afirmou que o Governo
se reserva ao direito de intentar acções judiciais em resposta a estas
acusações.
Herdeiro da dinastia Bongo, que manteve o poder no Gabão durante
quase 55 anos, Ali Bongo foi derrubado por um golpe militar em 30 de Agosto de
2023.
Os golpistas, liderados pelo General Brice Oligui Nguema,
acusaram o círculo mais próximo de Ali Bongo, principalmente a sua
mulher e o seu filho, de terem gerido o país de forma desleal e de terem
saqueado o Gabão através de um desvio maciço de fundos públicos.
Ali Bongo foi colocado em prisão domiciliária no dia do golpe,
mas foi-lhe dada liberdade para circular uma semana mais tarde.
Os militares parecem tê-lo ilibado rapidamente, e consideraram
que foi "manipulado" pela mulher e pelo filho.
De acordo os advogados franceses da família, Noureddin Bongo foi
"torturado várias vezes, espancado com um martelo e um pé de cabra,
estrangulado, chicoteado e electrocutado com um taser".
Já Sylvia Bongo, que foi obrigada a assistir às torturas
(...), foi igualmente espancada e estrangulada, "no âmbito de uma
espoliação desenfreada dos bens da família", declararam.
Segundo um dos advogados, "os responsáveis por estes actos
vão ter de responder perante a justiça francesa", e os autores
"são passíveis de uma pena de prisão penal que pode ir até à prisão
perpétua". ANG/Angop
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