Quénia/Pelo menos 473 mortos e 1,6 milhões
de afetados pelas chuvas na África Oriental
Bissau, 22 Mai 24 (ANG) - Pelo menos 473
pessoas morreram, 410.350 foram obrigadas a abandonar as casas e 1,6 milhões
foram afetadas pelas chuvas e inundações em vários países da África Oriental
desde meados de março, informou hoje a ONU.
De
acordo com um estudo publicado pelo Gabinete de Coordenação dos Assuntos
Humanitários das Nações Unidas (OCHA), as tempestades provocaram igualmente
danos nas fontes de água e noutras instalações, o que está a agravar a
propagação de doenças como a cólera e o sarampo.
O
Quénia, a Tanzânia, a Somália, a Etiópia, o Uganda e o Burundi são os países
mais afetados por esta longa estação das chuvas, que se prolonga normalmente de
março a maio, e que este ano foi agravada pelo fenómeno El Niño, uma alteração
da dinâmica atmosférica provocada por um aumento da temperatura do Oceano
Pacífico.
Assim,
as chuvas torrenciais, as inundações repentinas e os deslizamentos de terras
causaram pelo menos 291 mortos, 188 feridos e 75 desaparecidos no Quénia, de
acordo com os últimos dados do Governo.
Além
disso, 278.380 pessoas foram obrigadas a fugir das suas casas e mais de 412.760
pessoas foram afetadas pelas chuvas.
"A
situação das barragens e dos cursos de água em todo o país é crítica, com
algumas barragens a transbordar e os diques a sofrerem erosão", afirmou o
OCHA.
Os
números preliminares da Tanzânia indicam que 155 pessoas morreram em
consequência das chuvas e 126.000 foram afetadas até ao início de maio, segundo
as autoridades.
No
domingo, a Autoridade Meteorológica da Tanzânia avisou que o ciclone Ialy, no
Oceano Índico, poderia trazer ventos fortes, tempestades e chuvas torrenciais
esta semana.
Na
Somália, o OCHA estima que a estação das chuvas tenha afetado 225.760 pessoas,
das quais 38.730 tiveram de abandonar as suas casas.
"As
chuvas torrenciais e as inundações provocaram a perda de meios de subsistência,
como o gado e as terras agrícolas, e a destruição de pequenas empresas",
acrescentou o gabinete da ONU.
Além
disso, a Somália foi particularmente afetada pelos danos causados às fontes e
instalações de água, saneamento e higiene, o que está a agravar o atual surto
de cólera no país do Corno de África: foram registados 10.640 casos, 120 dos
quais mortais, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS).
Cerca
de 57.000 pessoas fugiram das suas casas na Etiópia, algumas das quais puderam
regressar, mas as habitações, as infraestruturas públicas e as terras agrícolas
foram "significativamente danificadas, limitando ainda mais o acesso das
pessoas aos serviços, especialmente em zonas já afetadas por conflitos, secas
prolongadas ou pelo surto de cólera", refere-se no relatório.
Mais
de 560.000 pessoas foram afetadas em todo o país, embora a região que faz
fronteira com a Somália seja a mais afetada, com pelo menos 51.000 deslocados.
Algumas
das pessoas forçadas a abandonar as suas casas viveram situações de
sobrelotação que aumentam o risco de propagação de doenças transmissíveis.
No
Uganda, as chuvas afetaram mais de 52.190 pessoas entre janeiro e abril, com
pelo menos 23 mortos e 241 feridos; em maio, pelo menos 49 pessoas morreram,
296 ficaram feridas e 28 estão desaparecidas, para além das 3.080 famílias que
tiveram de abandonar as habitações.
Por último, no Burundi, mais de 239.780 pessoas foram afetadas pelas chuvas torrenciais e 36.900 abandonaram as suas casas. ANG/Lusa
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