China/Pequim acusa novo líder de Taiwan de estar a empurrar o território para a "guerra"
Bissau, 24 Mai 24 (ANG) – A China acusou hoje o novo líder de Taiwan, William Lai, de empurrar a ilha, cuja soberania é
reivindicada por Pequim, para a "guerra", numa altura em que o
Exército chinês realiza exercícios em torno do território.
"Desde
que tomou posse, o líder da região de Taiwan pôs seriamente em causa o
princípio ‘Uma só China’, tentou usar a força e confiou em países estrangeiros
para obter a independência, o que está a empurrar os nossos compatriotas de
Taiwan para uma situação perigosa de guerra e perigo”, afirmou o porta-voz do
Ministério da Defesa, Wu Qian, em comunicado.
O
ministério advertiu que, a cada nova provocação de Taiwan a favor da
independência, as contramedidas de Pequim irão mais longe.
"De
cada vez que o movimento independentista nos provoca, iremos um passo mais
longe com as nossas contramedidas, até que a reunificação completa da pátria
seja alcançada", afirmou Wu Qian.
Taiwan
localizou hoje dezenas de aviões de guerra e navios militares chineses ao largo
da costa, no segundo dia consecutivo de exercícios militares em torno do território.
A
China continental emitiu detalhes elaborados sobre os exercícios que mostram
Taiwan cercada por forças do Exército de Libertação Popular, as forças armadas
do país.
As
embarcações da marinha e da guarda costeira e as unidades de mísseis aéreos e
terrestres foram colocadas em alerta, em especial em torno das cadeias de ilhas
de Kinmen e Matsu, controladas por Taiwan, situadas ao largo da costa chinesa e
longe da ilha principal de Taiwan, a cerca de 160 quilómetros do estreito.
"Perante
os desafios e ameaças externas, continuaremos a manter os valores da liberdade
e da democracia", disse o novo líder do território, William Lai, aos
marinheiros e aos principais responsáveis pela segurança, na quinta-feira, ao
visitar uma base naval em Taoyuan, a sul de Taipé.
No
seu discurso de tomada de posse, na segunda-feira, Lai apelou a Pequim para que
pusesse termo à intimidação militar e afirmou que Taiwan era "uma nação
soberana e independente, em que a soberania está nas mãos do povo".
O
princípio ‘Uma só China’ declara que existe apenas uma China e que Taiwan faz
parte da China, mas com Pequim e Taipé a manterem interpretações diferentes.
Destino
de camponeses e pescadores das províncias chinesas de Fujian e Guangdong ao
longo dos séculos, Taiwan esteve sob domínio holandês, espanhol, chinês e
japonês. No final da Segunda Guerra Mundial, o território integrou a República
da China, sob o governo nacionalista de Chiang Kai-shek.
Após
a derrota contra o Partido Comunista, na guerra civil chinesa, em 1949, o Governo
nacionalista refugiou-se na ilha, que mantém, até hoje, o nome oficial de
República da China, em contraste com a República Popular da China, o regime que
passou então a vigorar no continente chinês.
O
território opera como uma entidade política soberana, com diplomacia e exército
próprios, apesar de oficialmente não ser independente. Pequim considera a ilha
uma província sua, que deve ser reunificada, pela força, caso seja necessário.
"Espero
que a China encare a realidade da existência da República da China [nome
oficial de Taiwan] e, com boa vontade, escolha o diálogo em vez da
confrontação", disse William Lai, durante o seu discurso de tomada de
posse. ANG/Lusa
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