França/Ministério de Relações Exteriores da França
diz que Netanyahu tem imunidade quanto a pedido de prisão do TPI
Bissau, 28 Nov 24 (ANG) - Um dia
após o acordo de cessar-fogo no Líbano, assinado com intervenção da diplomacia
francesa, uma questão ainda suscita dúvidas na França.
Afinal, Benjamin Netanyahu pode
ser preso se entrar em território francês? O governo continua a manter a
imprecisão, após o mandado de prisão emitido pelo Tribunal Penal Internacional
(TPI) contra o primeiro-ministro israelense e outros envolvidos na guerra no
Oriente Médio.
Na terça-feira (26),
o primeiro-ministro francês, Michel Barnier, afirmou que o país “aplicaria
rigorosamente as suas obrigações” se o chefe de governo de Israel visitasse
França, sem dar mais detalhes.
Mais cedo, a presidente da Assembleia Nacional francesa, Yael
Braun-Pivet, membro do partido do presidente Emmanuel Macron, também havia
estimado que, como signatária do estatuto do Tribunal PenalInternacional (TPI),
a França deveria “aplicar as regras” e prender o primeiro-ministro
israelense, Benjamin Netanyahu, caso ele entrasse no país. A partir do momento
em que a França assina e adere ao Estatuto de Roma e reconhece o TPI, acho que
ela deve aplicar as regras que derivam dele, e não há razão para se afastar
delas”, explicou Yaël Braun-Pivet à rádio Sud.
O caso, no entanto,
parece ter ganhado uma nova interpretação nesta quarta-feira (27), quando o
Ministério das Relações Exteriores especificou que Netanyahu se beneficia de
uma “imunidade” que deveria ser "levada em consideração”.
O ministro Jean-Noël
Barrot mencionou possíveis “questões de imunidade” para “certos líderes” alvos
de um mandato do TPI, sem entrar em mais detalhes. “Em última análise, cabe à
autoridade judicial decidir”, acrescentou ele.
De acordo com o
Ministério das Relações Exteriores da França, o primeiro-ministro israelense se
beneficia de uma “imunidade” que “deve ser levada em consideração”, apesar do
mandado de detenção emitido contra ele pelo Tribunal Penal Internacional. O
Quai d’Orsay citou "imunidades de Estados que não fazem parte do TPI”,
como no caso de Israel.
Ainda segundo a mesma
fonte, “tais imunidades se aplicam ao primeiro-ministro Netanyahu e a outros
ministros envolvidos e terão de ser levadas em consideração se o TPI solicitar
a sua prisão e entrega”, continua o comunicado do Ministério de Relações
Exteriores.
O Tribunal Penal
Internacional, ao qual Israel não adere e do qual os Estados Unidos se
retiraram, emitiu na quinta-feira (21) mandados de prisão contra Benjamin
Netanyahu, seu antigo ministro da Defesa, Yoav Gallant, e o chefe do braço
armado do Hamas palestino, Mohammed Deif, por "crimes de guerra" e "crimes
contra a humanidade".
A líder dos
Ecologistas (oposição) na França, Marine Tondelier, disse nesta quarta-feira
que era uma “vergonha” o comunicado da diplomacia francesa sobre a “imunidade”
de que goza o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu, apesar da existência
de um mandado de prisão do Tribunal Penal Internacional (TPI) contra ele.
“A França está mais
uma vez se curvando às exigências de Benjamin Netanyahu”, denunciou ela no
X. “Certamente foi o acordo para a França ser citada no anúncio oficial do
cessar-fogo no Líbano, publicado ontem conjuntamente pela França e pelos
Estados Unidos”, acrescentou Tondelier.
“Não é mais uma
‘impunidade’?”, questionou, por sua vez, o representante do partido de esquerda
radical a França Isubmissa, Manuel Bompard, em sua rede social.
A mudança repentina da posição oficial francesa chamou atenção poucas horas depois da entrada em vigor, na manhã desta quarta-feira, de um cessar-fogo entre Israel e o Hezbollah, após mais de um ano de hostilidades fronteiriças e de dois meses de guerra aberta entre o Exército israelense e o movimento armado libanês, apoiado pelo Irã. Este cessar-fogo foi possível graças a um intenso esforço diplomático realizado em conjunto, durante vários meses, pelos Estados Unidos e a França.ANG/ RFI/ AFP
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