Angola/ONGs
instam Portugal a “devolver” bens de Isabel dos Santos a Angola
Bissau,26 Nov 24(ANG) - Quatro
organizações cívicas angolanas não estão satisfeitas com a resposta da justiça
portuguesa em relação a uma carta, enviada em Agosto deste ano, a exigir
esclarecimentos sobre o repatriamento dos bens de Isabel dos Santos. As Ong’s
instam as autoridades portuguesas a “devolver” o património de Isabel dos
Santos aos angolanos,
As autoridades portuguesas
falam em segredo de justiça, mas, ainda assim, as Ong’s instam Portugal a “devolver” o património de Isabel
dos Santos aos angolanos, exigindo ainda informação com transparência, sobre os
activos recuperados, no âmbito do combate à corrupção.
Em conferência de imprensa
realizada esta segunda-feira, 26, em Luanda, as associações Omunga, Mãos
Livres, Pro Bono e Uyele apresentaram os resultados das cartas endereçadas à
justiça angolana e portuguesa sobre o processo de recuperação e restituição dos
activos da empresária Isabel dos Santos e de outros governantes ao governo de
Angola.
O jurista Bartolomeu Milton,
líder da Pro-Bono Angola, que falou em nome do grupo, disse que o Governo
português justificou que a questão da restituição dos bens da filha do antigo
Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, está condicionada a questões
processuais e judiciais.
“Evoca-se
aqui um manto de segredo justiça quando, de resto, ninguém sabe nada do que se
está a passar. Aliás, a resposta vinda de Portugal que diz, no essencial, que
sobre os bens de Isabel dos Santos, só estes processos é que podem falar
sobre o estado em que estão estes bens, mas depois evoca a questão da
legitimidade. Portanto, são questões como estas que nós gostávamos que fossem
tratadas de forma diferente e que do lado de Angola pudesse haver, com maior
frequência e regularidade, informações pontuais sobre a tramitação dos
processos em Portugal”
Na opinião do jurista da
mesma forma como Portugal recebeu o dinheiro roubado por governantes angolanos,
deve também agora ter a mesma disponibilidade para ajudar a repatriar os
valores para a Angola.
“Da mesma forma que Portugal teve acessibilidade e
facilidade de permitir que angolanos levassem para lá recursos, deve ter a
mesma disponibilidade para a ajudar às autoridades a repatriar este dinheiro.
No lado de Angola exigimos a maior transparência na reposição deste dinheiro”,
lembrou o presidente da Pro Bono Angola.
As OGNs pedem ao Governo
português para restituir o património da empresária aos angolanos, exigindo de
Angola maior transparência na reposição dos activos já recuperados, como faz
saber Rafael Morais, líder da Associação Uyele.
“O
consórcio insta à PGR (Procuradoria-Geral da República) de Angola a informar os
angolanos e angolanas sobre o caso especifico da senhora Isabel dos Santos. As
quatro organizações angolanas da sociedade civil instam a PGR de Portugal e o
Governo português a tudo fazerem a fim de restituírem aos angolanos e angolanas
o seu património indevidamente retirado da sua posse, a acção efectuada,
maioritariamente, por concidadãos que enfrentam processos judicias em Angola e
noutros países, onde abundam os activos indevidamente retirados de cá”,
solicitou o activista Rafael Morais.
O grupo das quatro
organizações angolanas dizem ter consultado vários especialistas, dos dois
países, em relação ao processo judicial contra Isabel dos Santos e que alegaram
que o processo foi mal conduzido pelas autoridades judiciais de Angola e de
Portugal.ANG/RFI
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