Brasil/Comunicado do G20 sai antes da hora com defesa da tributação de bilionários e mensagem para Trump sobre clima
Bissau, 20 Nov 24 (ANG) - O comunicado final de líderes do
G20, que esteve a perigo, acabou saindo antes mesmo do previsto.
Com o apoio de última
hora da Argentina, as 19 maiores economias do mundo, mais União Europeia (UE) e
União Africana, apoiaram por consenso parte importante das prioridades da
presidência brasileira do bloco.
Uma delas foi a
tributação de indivíduos com "patrimônio líquido ultra-alto”, item
comemorado pelo ministro da Fazenda brasileiro, Fernando Haddad.
Não há nada concreto e há a ressalva de que isso será feito de acordo com a
legislação de cada país, mas é sinalização importante. O entendimento também
fala em uma Coalizão para Produção Local e Regional, Inovação e Acesso
Equitativo a vacinas, tratamentos terapêuticos e diagnósticos e outras
tecnologias de saúde para doenças negligenciadas e pessoas em situações de
vulnerabilidade.
No comunicado, os líderes reconhecem preocupação com o fato de que as perspectivas de crescimento global a médio e longo prazo estejam abaixo das médias históricas, mas veem boas perspectivas de uma aterrissagem suave da economia global, a despeito de múltiplos desafios que permanecem e do aumento de alguns riscos em meio a elevada incerteza.
Falaram no sofrimento humano e os impactos negativos da guerra e afirmaram
o direito palestino à autodeterminação, reiterando o compromisso
inabalável com a visão da solução de dois Estados, onde Israel e um Estado
palestino vivam lado a lado, em paz, dentro de fronteiras seguras e
reconhecidas, consistentes com o direito internacional e resoluções relevantes
da ONU.
Especialmente em relação à guerra na Ucrânia, destacaram o sofrimento humano e os impactos negativos adicionais da guerra no que diz respeito à segurança alimentar e energética global, cadeias de suprimentos, estabilidade macrofinanceira, inflação e crescimento. Mas não tocaram no nome da Rússia.
Outra questão cara ao Brasil foi incluída. O texto afirma que a digitalização do campo da informação e a evolução acelerada de novas tecnologias, como a inteligência artificial, impactaram dramaticamente a velocidade, a escala e o alcance da desinformação, o discurso de ódio e outras formas de danos online. Por isso, destacaram a necessidade de transparência e responsabilidade das plataformas digitais.
A dois meses a posse de Donald Trump o comunicado teve direito a
mensagem dirigida ao novo chefe da Casa Branca. Os países manifestaram forte
compromisso com o multilateralismo, especialmente à luz do avanço alcançado no
âmbito da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC)
e do Acordo de Paris e a determinação de que permaneçam unidos nos esforços
para atingir os objetivos de longo prazo do Acordo.
Fala em compreender e reconhecer não só a urgência como gravidade da mudança do clima. Trump, que já disse que a mudança do clima é uma farsa, ameaçou durante a campanha presidencial deixar novamente o acordo de Paris.
O comunicado foi visto como grande vitória do governo brasileiro, a despeito das condições cada vez mais difíceis da geopolítica.
Nesta terça-feira, será realizada a terceira e última sessão plenária da cúpula. O tema é desenvolvimento sustentável e transição energética. Em seguida, acontece a sessão de encerramento e transferência do comando do bloco à África do Sul. Ainda não está claro como (ou se) haverá foto de família. Ninguém quer sair na mesma imagem que o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov.ANG/RFI
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