Saúde Pública/ “O
Hospital Regional de Canchungo funciona com
médicos e enfermeiros residentes em
Bissau e muitos não comparecem à tempo ao serviço”, diz Diretor- geral
Bissau, 18 Nov
24 (ANG) – O Diretor-geral do hospital regional de Canchungo “Buota Na
Fantchamna” revelou que o estabelecimento sanitário funciona com médicos e
enfermeiros com residência fixa em Bissau o que esta situação tem reflexos
negativos no funcionamento deste hospital.
“Cada um faz
o que bem lhe apetece e ninguém quer ser advertido. Estamos à beira do colapso,
caso a situação não for solucionada", diz Malú.
O hospital
regional de Canchungo dispõe de 11 médicos, 27 enfermeiros e quatro analistas,
mas todos eles com residências fixas em Bissau", lamentou.
De acordo
com Estevão Malú, esta situação reflete negativamente no funcionamento do
hospital, porque, momentos houve em que alguns não conseguem comparecer ao
serviço, e Malú diz que estas ausências têm sido recorrentes.
"Estamos
a trabalhar num regime bastante pesado e sobrecarregado. Digo isso, porque mais
de metade desses técnicos não moram em Canchungo, de maneiras que é difícil
residir na capital e trabalhar no interior, sobretudo num pais onde as estradas
apresentam péssimas condições sem falar dos imprevistos, portanto, o melhor é
residir na zona onde foi colocado", disse.
Malú
prossegue dizendo que essa atitude de alguns
técnicos colide com a ética e deontologia profissional, o que diz ser inaceitável.
Disse que é preciso disciplinar a Administração Pública
no seu todo, e que sem isso, será difícil falar do progresso e do desenvolvimento
em todos os setores.
Segundo o
diretor-geral, a falta de responsabilização está a corroer a Função Pública e
incentivar a corrupção ao mais alto nível, pelo que defende a aplicação de
sansão às pessoas que, sistematicamente, ausentam-se nos seus postos de serviços.
"A
situação deplorável em que se encontra alguns hospitais e centros de saúde do
interior é por falta de controlo rigoroso dos recursos humanos a nível da
Administração Pública. Os técnicos levam mais horas de serviços nas clinicas
privadas, um comportamento que está a prejudicar o serviço público de
saúde", denunciou.
Nesta
entrevista concedida ao jornal Nô Pintcha, o diretor-geral do hospital regional
Bouta Na Fantchamna falou sobre a falta de meios e segurança, e revelou que se
deparam com enormes dificuldades em
termos de funcionamento.
"Além
de insuficiência de pessoal técnico, também confrontamos com a falta de
colchões, materiais hospitalares, medicamentos e a luz elétrica, essa última
tem a ver com a dívida que a antiga direção contraiu com o dono do gerador que
fornecia energia ao hospital.
Além dessa
situação, contou que têm dificuldades relacionadas com o abastecimento regular de água potável,
aliás, houve tempo em que o hospital ficou oito meses sem água. Para sanear a
situação a direção adquiriu um gerador com capacidade de abastecer todo o
hospital, porque têm equipamentos que a energia gerada por painéis solar não
consegue arrancar.
“Acresce a esses condicionalismos a situação de casas de banho que estão quase disfuncionais, devido à falta de meios para sua manutenção, isso para não falar do edifício do hospital que está numa fase avançada de degradação, com as paredes escombradas e a pintura totalmente envelhecida.
Malú disse
que há uns meses, o Projeto Saúde é a Vida doou uma quantidade de baldes de
tintas de óleo, orçado em mais de 587 mil francos CFA para reabilitar a pediatria.
Sobre a
questão de segurança, o diretor-geral disse que algumas pessoas transformaram o
hospital no local de furto e, em consequência, vários materiais hospitalares
foram subtraídos, nomeadamente colchões, portas, janelas, entre outros.
De acordo
com aquele responsável, a direção não
tem condição para garantir a segurança, e os malfeitores se aproveitam dessa
situação, ao calar da noite, para praticar roubo. O mais caricato, diz, é que
alguns pacientes, ao receberem alta, embrulham cobertores e outros materiais e
levam para casa.
Em relação à
capacidade do hospital de resposta aos desafios sanitários, Estevão Malu
assegurou que a maioria dos materiais ali instalados já estão fora de uso.
A título de
exemplo apontou o aparelho de ecografia,
que, segundo disse, para fazer leitura dos resultados são obrigados a escrevê-los
à mão, uma prática que diz estar em desuso.
Segundo Estevão
Malú, com esses velhos aparelhos, os
médicos levam horas e horas a espera dos resultados de análises para poder
concluir os diagnósticos. ANG/ Nô Pitcha
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