Rússia/ Moscovo diz que ataques da
Ucrânia com armas americanas são “sinal” de que Kiev e Ocidente “querem
escalada”
Bissau, 20 Nov 24 (ANG) - A Rússia prometeu terça-feira (19) uma resposta “adequada” ao
ataque de Kiev a seu território, com mísseis americanos ATACMS.
O chefe da diplomacia russa, Sergei Lavrov, afirmou
que o conflito caminha para “uma nova fase” e anunciou que as possibilidades de
utilização de armas nucleares foram ampliadas.
“Consideraremos
isto como uma nova fase na guerra ocidental contra a Rússia e reagiremos em
conformidade”, disse ele à imprensa à margem da cúpula do G20 no Rio. Para ele,
os mísseis americanos de precisão não podem ser usados por Kiev “sem a ajuda
de especialistas e instrutores americanos”, acusando diretamente os Estados
Unidos de terem ajudado o Exército ucraniano.
Os
ataques acontecem após sinal verde dado por Washington a Kiev, no domingo(17)
para usar mísseis de longo alcance contra o território russo
Para o
Kremlin a utilização destes armamentos representava uma linha vermelha a não
ser ultrapassada.Em Setembro, Vladimir Putin advertiu que se o uso de mísseis
ocidentais de longo alcance pela Ucrânia contra o território russo sinalizaria
que "os países da OTAN estariam em guerra com a Rússia".
O presidente russo ainda não falou
publicamente sobre o ataque ucraniano, mas de acordo com Moscou o alvo eram
instalações militares.
Segundo o relato do exército russo, “às
3h25, o inimigo atingiu um local na região de Bryansk”, não muito longe da
fronteira com a Ucrânia, com “mísseis táticos ATACMS”. Cinco projéteis foram
destruídos e outro danificado pela defesa antiaérea russa.
O ataque foi confirmado por uma
autoridade à AFP, sob anonimato. O presidente ucraniano Volodymyr
Zelensky disse simplesmente, numa conferência de imprensa em Kiev, que seu país
tinha estes mísseis e iria “utilizá-los”.
Vladimir Putin levantou repetidamente a
possibilidade de usar armas nucleares desde o início da ofensiva em fevereiro
de 2022.
Na
terça-feira, o presidente russo respondeu à decisão americana de permitir
o uso de suas armas, assinando o decreto que formaliza a nova doutrina nuclear
da Rússia, , que amplia a possibilidade de recurso a armas atômicas em caso de
ataque “massivo” por parte de um país não nuclear, mas apoiado por uma potência
nuclear. Uma referência clara à Ucrânia e aos Estados Unidos.
“Era necessário adaptar os nossos
fundamentos (da doutrina nuclear) à situação atual”, defendeu friamente Dmitri
Peskov, porta-voz do governo russo.
A Ucrânia exigiu durante meses permissão
dos Estados Unidos para atacar alvos militares em território russo, visando
perturbar a logística de seu exército, agora apoiado por soldados
norte-coreanos.
Diane do Parlamento ucraniano, Volodymyr
Zelensky estimou nesta terça-feira que o resultado da estratégia chegaria em
2025. “Esta fase determinará quem vencerá”, disse, garantindo que “a Ucrânia
pode derrotar a Rússia”, mesmo que “seja muito difícil”. Mas Zelensky
reconheceu, pela primeira vez, que a Ucrânia poderá ter de esperar até depois
de Putin para “restaurar” a sua integridade territorial, pois os russos a
ocupam quase 20% de seu território.
No âmbito diplomático, a volta de Donald
Trump à Casa Branca gera temores de que a Ucrânia seja forçada a fazer
concessões.
Neste contexto, a Polônia e outros Estados europeus afirmaram estar “prontos para assumir a responsabilidade do apoio militar e financeiro” a Kiev, conforme o chefe da diplomacia polonesa, Radoslaw Sikorski, após uma reunião em Varsóvia com vários outros ministros de Relações Exteriores europeus.ANG/RFI/AFP
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