Justiça/Antigo primeiro-ministro, Aristides Gomes impedido de se ausentar do país
Bissau,14 Out 20(ANG) - O Tribunal de Relação decidiu
aplicar a medida de coação de obrigação de permanência no país ao
ex-primeiro-ministro Aristides Gomes, segundo a conclusão do despacho citado
pela agência Lusa.
Segundo a conclusão do despacho da Câmara Criminal
do Tribunal de Relação, com data de 17 de agosto, Aristides Gomes é suspeito de "preencher
os indícios descritos puníveis pelos artigos 21.º/1 e 22.º da Lei número 14
14/97, de 02 de dezembro", nomeadamente participação económica em
negócio e peculato.
"Ao suspeito Aristides Gomes
aplica-se a medida de coação de obrigação de permanência, ficando adstrito aos
seguintes deveres: Não se ausentar da Guiné-Bissau e não se ausentar, sem
autorização dos presentes autos, das instalações da Uniogbis, local onde
se encontra atipicamente albergado", refere a conclusão do
despacho.
Aristides Gomes
está refugiado na sede do Gabinete Integrado da ONU para a
Consolidação da Paz na Guiné-Bissau há vários meses, depois de ter sido
demitido de funções pelo atual chefe de
Estado, Umaro Sissoco Embaló.
"Para o efeito, o imputado foi
constituído suspeito e notificado desse seu estatuto processual, pelo que se
preencheu a condição principal para a aplicação da medida de coação", refere
a conclusão do despacho.
A Câmara Criminal
do Tribunal de Relação justifica a decisão com "perigo de fuga real".
"Primeiro tendo em conta o
paradeiro errático do suspeito que se encontra num posto consular sem qualquer
estatuto protetivo, pois a Guiné-Bissau não é signatária de quaisquer
convenções sobre asilo diplomático", pode ler-se na conclusão do despacho.
Por outro lado, acrescenta o despacho,
Aristides Gomes tem dupla nacionalidade (guineense e francesa) e "tem
laços familiares sedimentados em França, sua segunda residência e local para
onde transferiu avultadas somas de dinheiro".
A segunda razão evocada pela
Câmara Criminal do Tribunal de Relação para impor a medida de coação de
obrigação de permanência está relacionada com a "gravidade dos crimes a
que vem imputado, conforme aliás definido na Convenção de Palermo sobre a
criminalidade organizada e transnacional".
A conclusão do despacho ordena também a
apreensão de todos os passaportes de Aristides Gomes e anexa uma cópia para ser
entregue ao suspeito através do Ministério dos Negócios Estrangeiros.
Após ter tomado posse como chefe de
Estado, Umaro Sissoco Embaló demitiu Aristides Gomes e o
seu Governo, nomeando um outro liderado pelo atual primeiro-ministro,
Nuno Nabiam. ANG/Lusa
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