sexta-feira, 29 de abril de 2022

              Sudão/Comunidade internacional condiciona ajuda ao país

Bissau, 29 Abr 22 (ANG)  - A União Europeia, os Estados Unidos da América, o Reino Unido e a Noruega exigiram esta sexta-feira, 29 de Abril, aos políticos sudaneses que avancem para um governo civil de transição.

Esta posição conjunta foi adoptada numa reunião em Cartum. Caso o processo de transição não avance, os apoios da comunidade internacional passarão a ser condicionados.

Uma delegação conjunta de Altos Responsáveis da União Europeia, França, Reino Unido, Alemanha e Noruega decidiram posicionar-se hoje relativamente à grave crise política que o Sudão enfrenta. O país tem vivido uma verdadeira deriva política nos últimos 3 anos, altura em que Omar Al Bashir era derrubado no país.

Os altos dirigentes reuniram-se para demonstrarem o seu "apoio ao povo sudanês" e apelar a uma "transição para a democracia", segundo um comunicado hoje divulgado. Caso a transição para um governo civil "credível" não aconteça, qualquer tipo de apoio financeiro ao Sudão será condicionado pela comunidade internacional.

"Sem esse apoio, o Sudão poderia perder biliões de dólares em assistência ao desenvolvimento do Banco Mundial e do programa do FMI. Para além disso, os cerca de 19 biliões de dólares associados ao alívio da dívida estariam em risco", defenderam os responsáveis.

Recorde-se que, nos últimos 3 anos, os militares negam veementemente sair do poder, apesar da forte contestação da sociedade civil.

Entretanto, a formação de um governo nunca chegou a avançar, uma vez que os civis desistiram de apoiar as autoridades militares.

Desde o novo golpe de Estado em Outubro de 2021, a classe castrense, no poder, não consegue novos parceiros para o executivo, como tem vindo a pedir a comunidade internacional para a retoma da ajuda.

Também desde essa data, as manifestações contra os militares no poder têm sido uma constante e há registo de centenas de mortos, bem como de várias detenções.

Nos últimos dias, a violência tem vindo a aumentar no país, nomeadamente, no Darfur, zona oeste do Sudão, acontecimentos que estão a ser acompanhados com muita atenção pelo resto do mundo.

Segundo a ONU, pelo menos 213 pessoas terão sido assassinadas em quatro dias, de acordo com as autoridades da região, devido a confrontos entre as populações sub-saarianas e árabes. As Nações Unidas pedem uma investigação "rápida" e "independente" dos factos.

De salientar ainda que o país vive uma grave crise económica, uma vez que a moeda está em queda livre. Para além disso, o Sudão regista níveis de inflação superiores a 260%, de acordo com o Programa Alimentar Mundial. Estima-se que existam neste momento mais de 18 milhões de pessoas a necessitar de ajuda alimentar.ANG/RFI

 

 

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