Suécia/ Reacções internacionais
condenam queima de Alcorão em Estocolmo
Bissau, 04 Jul 23 (ANG) - A
Arábia Saudita convocou segunda-feira a embaixadora sueca no Reino em resposta à queima de um Alcorão por um
iraquiano à frente de uma mesquita em Estocolmo, que foi autorizada pela
polícia.
Diversos países e
organizações condenam enérgicamente esta situação e classificam o ato como
"islamofobia".
Este acontecimento ocorreu no dia 28 de Junho na Suécia durante a
comemoração do Eid al Adha, a Festa do Sacrifício, que é a mais importante
festa da religião Islâmica. Salwan Momika, um iraquiano de 37 anos que imigrou
para o país há vários anos, queimou uma cópia do Alcorão, o livro sagrado do
islamismo, à frente de uma mesquita em Estocolmo.
O governo sueco condenou publicamente este acontecimento, mas
aproveitou para ressaltar que o protesto foi autorizado pelas autoridades
locais em conformidade com a liberdade de expressão garantida pela
constituição.
Em reacção a esta prática, múltiplas entidades – governos,
organizações, líderes – condenaram publicamente as autoridades suecas por
permitirem que estes eventos continuem a acontecer. Marrocos, Iraque, Kuwait, Jordânia e Emirados Árabes Unidos convocaram imediatamente os
embaixadores suecos. Refira-se que este foi o primeiro ato desta natureza
autorizado pela polícia sueca após os tribunais terem anulado uma proibição
anterior. O protesto contou com a participação de centenas de pessoas e um
forte dispositivo policial.
Esta segunda-feira o Reino da Arábia Saudita decidiu
convocar a embaixadora da Suécia no país como forma de “protesto” contra a
queima do alcorão, e denúncia um ato de “islamofobia”. “O Ministério dos Negócios Estrangeiros convoca a embaixadora da Suécia no
Reino e informa-a da categórica rejeição do Reino sobre a queima por parte de
extremistas de uma cópia do Sagrado Corão em frente à mesquita central de
Estocolmo na Suécia após o Eid al-Adha [a 'Festa do Sacrifício', que sucede o
período da peregrinação a Meca]", indicou a diplomacia
saudita num comunicado.
A Organização para a Cooperação
Islâmica (OIC), a maior organização islâmica do mundo que
conta com 57 países membros, disse que a lei internacional e outras medidas
colectivas são necessárias para evitar futuros incidentes envolvendo a
profanação do Alcorão. "Devemos enviar constantemente avisos à comunidade internacional sobre a
aplicação urgente do direito internacional, que proíbe claramente qualquer
defesa do ódio religioso", afirmou o Secretário-Geral da
OIC, Hissein Brahim Taha. O responsável também apelou aos 57 países membros
para responderem de forma “unida e colectiva”.
No Iraque, milhares de
manifestantes tentaram assaltar a embaixada sueca no país. O Ministério das
Relações Exteriores iraquiano adiou no domingo a chegada do novo representante
do país escandinavo junto a Bagdade. Os manifestantes exortam aos demais países
a iniciar uma campanha de boicote contra empresas suecas.
Não foram somente entidades islâmicas que
condenaram o acontecimento. Esta segunda-feira o Papa Francisco considerou que a recente queima do Alcorão em
Estocolmo é um acontecimento "inaceitável"
e "condenável" e pediu
que a liberdade de expressão não seja usada como "desculpa para ofender outros".
Em entrevista concedida ao jornal público
dos Emirados Árabes Unidos, Al Ittihad, o sumo pontífice recordou o documento
“Fraternidade Humana para a Paz Mundial e a Coexistência Comum”, assinado em
2019 durante um encontro entre o Papa Francisco e Ahmed al Tayeb, xeque da Al
Azhar, a mais importante instituição do islamismo sunita.
Esta prática de queima do Alcorão ganhou
força em 2022, quando um grupo de activistas anti-islâmicos decidiram reunir-se
para organizar um plano que previa uma série de queimas do livro sagrado do
Islão. Em resposta a este acontecimento, motins violentos eclodiram na
cidade de Orebro, no centro da Suécia, e duraram vários dias, provocando dezenas
de feridos.
Na época, as autoridades suecas foram
amplamente criticadas por permitir este evento. Desde então, o governo sueco
pouco ou nada fez para impedir a continuidade destas práticas, suscitando uma
onda de condenações internacionais por parte de países de maioria muçulmana.
Esta questão chegou a ser um factor
condicionante para que a Turquia ratificasse a adesão da Suécia à NATO
(Organização do Tratado do Atlântico Norte), motivo este que bloqueia até ao
dia de hoje a aprovação de Ancara por “falta de vontade por parte das
autoridades de Estocolmo”. ANG/RFI
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