Chade/Segundo candidato mais votado pede
anulação das presidenciais
Bissau, 13 Mai 24 (ANG) – O segundo candidato
mais votado nas presidenciais no Chade, Succès Masra, ganhas no dia 06 pelo
líder da junta militar no poder, Mahamat Déby, anunciou no domingo que pediu a
anulação das eleições, consideradas “uma farsa eleitoral”.
"Com
a ajuda dos nossos advogados, apresentámos hoje um pedido ao Conselho
Constitucional para que seja revelada a verdade das urnas", declarou o
líder dos “Les Transformateurs” (Os Transformadores) numa publicação na rede
social Facebook.
"O
nosso pedido é a anulação pura e simples desta farsa eleitoral", declarou
à agência de notícias France-Presse (AFP) o vice-presidente do partido de
Succès Masra, Sitack Yombatina.
A
Agência Nacional para a Gestão das Eleições (ANGE) atribuiu na quinta-feira a
Masra 18,53% dos votos contra 61,03% do Presidente de transição, Mahamat Idriss
Déby Itno, que o tinha nomeado primeiro-ministro quatro meses antes das
eleições.
Na
quinta-feira à noite, algumas horas antes do anúncio dos resultados oficiais,
Masra reivindicou "a vitória na primeira volta", de acordo com uma
compilação de votos efetuada pelos seus ativistas em todo o país.
Após
o anúncio dos resultados provisórios, pelo menos nove pessoas, incluindo duas
crianças, foram mortas e 63 ficaram feridas em Ndjamena, a capital chadiana,
por disparos do exército, confirmaram fontes médicas à agência de notícias EFE.
Os
soldados dispararam para o ar com armas pesadas e automáticas em Ndjamena e em
várias cidades do sul do país conhecidas pelo seu apoio à oposição, em aparente
celebração, desmontada por vários ativistas, que consideraram os tiros como uma
forma de dissuadir os apoiantes da oposição de se reunirem para se manifestar.
"A
todos os nossos ativistas, apoiantes e eleitores, pedimos que permaneçam
pacíficos por amor ao nosso país, porque a mudança que querem ver não pode ter
lugar num país destruído", escreveu este domingo na rede social X Succès
Masra, agradecendo-lhes por contribuírem para "documentar a verdade das
urnas".
O
político apelou aos apoiantes para que evitem "cair na armadilha da
provocação" e se mantenham "lúcidos".
"Esta
mudança é irreversível, já está aqui e será concretizada de uma forma ou de
outra por todo o povo para que a justiça e a igualdade reinem (...). O povo
triunfa sempre", acrescentou Masra.
"Todas
as provas estão nas ‘pens drives’" anexadas ao pedido de anulação do
escrutínio entregue ao Conselho Constitucional, garantiu o vice-presidente do
partido à AFP.
De
acordo com Yombatina, os ficheiros entregues à entidade responsável por aferir
a correção das eleições e proclamar o vencedor contêm "vídeos de
enchimento de urnas, roubos e ameaças, mas acima de tudo urnas que foram
retiradas por militares para serem contadas noutro local".
Setenta
e seis pessoas, incluindo menores de idade, foram detidas no dia das eleições,
na passada segunda-feira, por terem "feito elas próprias cartões de acesso
a várias assembleias de voto".
O
partido considerou as detenções “arbitrárias” e por motivos "ridículos e
fantasiosos".
A
eleição marca o fim de uma transição militar de três anos e a reposição da
normalidade constitucional no país, mas muitos observadores consideram tudo foi
preparado para manter no poder a “dinastia” Déby, após a morte do pai de
Mahamat, o ditador Idriss Déby Itno, alegadamente derrubado na frente de
combate por um grupo rebelde em abril de 2021.
O
anúncio dos resultados definitivos está previsto para 23 de maio, no limite do
prazo, após a análise do recurso de Succès Masra e de Yacine Abdaramane Sakine,
que contesta o seu oitavo lugar.
Mahamat
Déby foi apoiado desde o início pelo exército, em abril 2021, por uma
comunidade internacional - liderada pela França - que se apressou a condenar
golpistas noutras partes de África.
Paris
ainda mantém um milhar de soldados no Chade, considerado um pilar na luta
contra os extremistas islâmicos no Sahel, depois de os soldados franceses terem
sido expulsos do Mali, Burkina Faso e Níger. ANG/Lusa
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