Togo/Faure Gnassingbé promulga nova
Constituição que o perpetua no poder
Bissau, 07 Mai 24 (ANG) – O Presidente do
Togo promulgou uma nova Constituição, que altera o sistema presidencialista
para uma república parlamentar e garante-lhe a permanência no poder sem limite
de mandatos, garantido o domínio do parlamento.
De
acordo com os resultados provisórios, que têm ainda de ser confirmados pelo
Tribunal Constitucional, no caso das legislativas, e pelo Supremo Tribunal, no
das eleições regionais, o Unir obteve 108 dos 113 lugares no parlamento, e 137
dos 179 lugares em disputa nas regionais.
O
texto da Lei, que consagra a nova Constituição do país, transforma o Togo numa
república com um sistema parlamentar de Governo que atribui "a maior parte
dos poderes do executivo a um presidente do conselho de ministros”, escreveu
hoje o Togo Breaking News.
O
líder do partido político que detiver a maioria dos deputados na Assembleia
Nacional assumirá as funções de chefe do Governo – comandar o exército e
representar o Togo no estrangeiro - por um período de seis anos, “renovável
tantas vezes quantas as que o seu partido detiver a maioria no hemiciclo",
explica-se ainda na publicação.
Gnassingbé
só podia candidatar-se a mais um mandato presidencial em 2025. A alteração da
Constituição e o triunfo eleitoral do seu partido nas eleições de 29 de abril
garantem-lhe, para já, os próximos seis anos no poder.
A
nova Constituição aboliu ainda a eleição por sufrágio universal do chefe de
Estado, que passa a ser eleito pelo parlamento, para um mandato único.
A
oposição contesta fortemente as eleições – nomeadamente o "número abusivo
de votos em vários centros", "atrasos no início da votação" e
listas eleitorais "não afixadas" -, assim como a nova Magna Carta,
que considera um “golpe de Estado constitucional”, e a forma de Gnassingbé se
perpetuar à frente dos destinos do país, escreveu o Togo Breaking News.
Várias
organizações internacionais, incluindo a Comunidade Económica dos Estados da
África Ocidental (CEDEAO), a União Africana e a Organização Internacional da
Francofonia, saudaram a forma como decorreram as eleições, escrutinadas por
apenas 70 observadores e às quais a Igreja Católica foi impedida de acompanhar
no terreno.
Faure
Essozimna Gnassingbé, que completa 58 anos em junho, está à frente do Togo há
19 anos, ano em que sucedeu ao pai, Eyadema Gnassingbé, morto em fevereiro
desse ano, que governou o país com “mão de ferro” durante quase 38 anos.
A sua
primeira eleição, em 2005, foi marcada pela violência que, segundo a ONU,
causou entre 400 e 500 mortos.
Quatro
anos mais tarde, não hesitou em mandar um dos seus meios-irmãos, Kpatcha, para
a prisão por 20 anos por "tentativa de golpe de Estado".
Nos
últimos anos, Gnassingbé tem-se afirmado progressivamente como mediador nas
várias crises políticas que abalaram a África Ocidental. No Níger, por exemplo,
os militares que estão no poder desde julho pediram-lhe que intercedesse junto
da CEDEAO, o que não impediu o regime golpista de se retirar da instituição
regional.
A
França, antiga potência colonial e tradicional aliada da dinastia Gnassingbé, é
particularmente sensível à estabilidade do Togo nesta região volátil, da qual
está a ser gradualmente expulsa, na sequência dos recentes golpes de Estado no
Mali, Burkina Faso e Níger.
Gnassingbé
está também a intensificar esforços para se aproximar do Ocidente anglófono,
tendo assinado a adesão do país à Commonwealth em 2022.
O
Togo, pequeno país com oito milhões de habitantes, onde 40% da população vive
abaixo do limiar de pobreza, ocupa o 167.º lugar entre 189 países no Índice de
Desenvolvimento Humano das Nações Unidas. ANG/Lusa
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