Japão/Governo propõe criação de zona económica Índico-África
Bissau, 21 Ago 25 (ANG) – O Japão propôs hoje a criação de uma zona económica comum que abranja o oceano Índico e África para aproveitar o potencial económico do continente, onde a China está a aumentar a influência.
A proposta foi apresentada pelo
primeiro-ministro Shigeru Ishiba, na abertura da nona Conferência Internacional
de Tóquio sobre o Desenvolvimento Africano (TICAD), em Yokohama, nos arredores
da capital.
A
cimeira é copresidida pelo Japão e por Angola. Representantes de cerca de 50
países e organizações participam na conferência trienal, centrada em debates
sobre a cooperação económica com o Japão.
No
discurso de abertura, o presidente angolano e presidente em exercício da União
Africana, sublinhou a ajuda em áreas estratégicas entre Tóquio e o continente
africano. João Lourenço defendeu que "não há alternativa ao multilateralismo"
e lamentou a "persistente dificuldade" que os países africanos têm no
acesso aos mercados financeiros internacionais.
Elogiou
a postura do Japão, "parceiro incontornável" dos países africanos, e
a “atitude diferente na relação financeira com África", um continente que
"continua a deparar-se com barreiras persistentes e um acesso limitado” ao
financiamento internacional.
"Quero dar destaque ao facto de, durante a TICAD VIII, realizada
na Tunísia, em 2022, o vosso país ter anunciado um substancial investimento no
valor de 30 mil milhões de dólares em financiamento público e privado para a
África ao longo dos três anos seguintes, com uma abrangência que englobaria
diversas áreas que vão desde o apoio ao sector privado até ao desenvolvimento
do capital humano e iniciativas de crescimento verde.
É claro que se inscreve neste conjunto de prioridades a questão da
segurança alimentar em África, relativamente à qual o Japão tem manifestado um
firme engajamento que, juntamente com outras acções a que já fiz referência,
contribui solidamente para a construção de uma confiança cada vez maior entre
nós como parceiros movidos por interesses comuns bastante expressivos.
Devo realçar o facto de, apesar do investimento directo estrangeiro no
geral, para África ter aumentado em 75% em 2024, do Japão, nesse mesmo ano,
África recebeu apenas uma parte marginal de 0,5%, o que na verdade não reflecte
de modo algum a capacidade do vosso país neste domínio", disse o chefe de
Estado angolano.
Por
seu lado, o secretário-geral da ONU afirmou que o continente africano está
pronto para o progresso, destacando a população mais jovem do mundo, os
recursos naturais abundantes e o espírito empreendedor dos africanos. Para
António Guterres, este é o momento de acelerar os objectivos de desenvolvimento
sustentável através da cooperação, investimentos e reformas. Guterres destacou
as crises desencadeadas por conflitos, mudanças climáticas ou tensões
comerciais e pediu para que seja reconhecido que “a paz e a prosperidade andam
de mãos dadas”.
Vários
líderes africanos acompanham os trabalhos da cimeira. O primeiro-ministro de
Cabo Verde considerou que o Japão é "um excelente parceiro" de África
para impulsionar o crescimento das economias e usar os recursos do continente
de forma mais rentável. Numa sessão dedicada à economia azul e à agricultura em
África, Ulisses Correia e Silva afirmou que são duas prioridades estratégicas
para o continente porque "podem contribuir para a redução da insegurança
alimentar e o aumento do comércio regional e internacional".
Na
sua declaração, o presidente moçambicano mostrou disponibilidade para acolher
iniciativas de investimentos do Japão que promovam a paz e a integração
económica entre os países africanos banhados pelo oceano Índico. Daniel Chapo
disse ainda que Moçambique está pronto para receber investimentos em
infra-estruturas verdes e energias renováveis, e parcerias na área da juventude
com a criação de plataformas de intercâmbio entre jovens africanos e japoneses.ANG/RFI

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