Senegal/ONU alerta para fraca qualidade dos medicamentos nos países do Sahel
Bissau, 01 Fev 23(ANG) – Até metade de medicamentos nos países do Sahel são de qualidade inferior às normas ou são falsificados, alertou terça-feira o Escritório das Nações Unidas contra a Droga e o Crime (ONUDC) num relatório sobre tráfico de produtos médicos.
O relatório do ONUDC concentra-se em cinco países daquela região
de África: Mauritânia, Mali, Burkina Faso, Níger e Chade, países pobres que
também são confrontados com violência multifacetada, incluindo a violência
jihadista.
Os medicamentos velhos estão a ser desviados da cadeia de
abastecimento da Europa e, em menor escala, da China e da Índia. Passam
frequentemente pelos portos marítimos da Guiné, Gana, Benim e Nigéria antes de
serem transportados para o Sahel.
“Embora não haja dados fiáveis sobre todas as quantidades
traficadas sob diversas formas e rotas nos países do Sahel, os estudos indicam”
uma percentagem de “medicamentos de qualidade inferior ou falsificados no
mercado que varia entre 19 e 50%”, segundo o relatório da ONUDUC.
No Sahel e países vizinhos, “a elevada prevalência de doenças
infecciosas como a malária, e os desafios em termos de disponibilidade e acesso
aos cuidados de saúde criam um ambiente em que a procura de produtos e serviços
médicos não é totalmente satisfeita através de canais formais”.
“Quando um produto (legítimo) é desviado da cadeia de abastecimento,
há muito pouco (acompanhamento) sobre como deve ser utilizado”, diz François
Patuel, chefe da unidade de investigação e de sensibilização do ONUDC.
E acrescenta: “Se quiser obter um antibiótico no mercado, pode
obtê-lo. É ou não o mais adequado? Tem de ser monitorizado”. Estas deficiências
contribuem para a resistência microbiana e antipalúdica, alerta.
As pessoas envolvidas no comércio vão desde empregados de
empresas farmacêuticas a vendedores ambulantes, passando por agentes de
segurança. Os grupos armados estão menos envolvidos no comércio, indica o
documento.
“Apesar do envolvimento frequentemente publicitado de grupos
terroristas e grupos armados não estatais no tráfico de medicamentos no Sahel,
muitos dos casos documentados mostram que é limitado e gira em torno do consumo
destes produtos médicos e dos impostos cobrados (sobre eles) nas áreas sob o
seu controlo”, diz o relatório.
Os tratamentos ineficazes, associados a este tráfico de produtos médicos, reduzem a confiança no sistema de saúde e no governo, alerta ainda.
ANG/Inforpress/Lusa
Sem comentários:
Enviar um comentário