Nova Iorque/Prémios
Pulitzer distinguem "corajoso trabalho" de jornalistas na Faixa de
Gaza
Bissau,
08 Mai 24 (ANG) - O júri dos Prémios Pulitzer atribuiu hoje uma menção especial
ao "trabalho corajoso" dos jornalistas palestinianos que cobriram a
guerra na Faixa de Gaza desde 7 de Outubro, bem como aos seus colegas mortos
durante o conflito, segundo a agência Lusa.
“Este ano, é reconhecido o trabalho
corajoso dos jornalistas e profissionais de media que cobrem a guerra em Gaza.
Em condições horríveis, um número extraordinário de jornalistas morreu no
esforço para contar a história dos palestinianos e dos trabalhadores em
Gaza", segundo a organização da 108.ª edição dos Pulitzer, durante a
transmissão ‘online’ hoje realizada da revelação dos premiados.
Os Prémios Pulitzer, atribuídos pela
Universidade de Columbia, em Nova Iorque, a trabalhos de excelência de
jornalismo, literatura, teatro e música, já tinham reconhecido o trabalho dos
jornalistas em guerras como a da Ucrânia ou do Afeganistão, mas foi considerado
que o conflito na Faixa de Gaza, entre Israel e o grupo islamita palestiniano
Hamas, vai mais longe devido ao seu eco noutras áreas.
“Esta guerra também ceifou a vida de
poetas e escritores (...) Com a atribuição dos Prémios Pulitzer às categorias
de Jornalismo, Artes e Letras, assinalamos a perda de testemunhos inestimáveis
na linha da frente que ilustram a sofrimento humano", de acordo com a
declaração do júri.
Entre todos os prémios nas categorias
jornalísticas, a guerra na Faixa de Gaza também esteve presente noutras
secções, como a que homenageia o melhor do jornalismo internacional.
Nesta categoria, o prémio foi atribuído
à redacção do The New York Times pela cobertura "extensa e
reveladora" do "ataque letal" perpetrado por milícias do Hamas
no sul de Israel, no dia 7 de Outubro, bem como pelo seu trabalho sobre
"as falhas dos serviços de informação israelitas e a resposta mortal do
Exército de Israel em Gaza".
O The New York Times e o The Washington
Post receberam três prémios cada um na segunda-feira por diversos trabalhos,
desde a guerra no Médio Oriente à violência armada ou trabalho infantil,
enquanto a agência Associated Press venceu uma das categorias de fotografia por
uma série de imagens da cobertura da migração para os Estados Unidos.
O Pulitzer de jornalismo de serviço
público foi por sua vez concedido à ProPublica pelas suas reportagens sobre
ofertas de presentes e viagens de bilionários a juízes do Supremo Tribunal dos
Estados Unidos.
Segundo o júri dos galardões, o prémio
distinguiu o carácter inovador do trabalho da ProPublica, um projecto
independente de jornalismo de investigação com sede em Nova Iorque, que “perfurou
a espessa parede de sigilo” em torno do Supremo Tribunal, que foi forçado a
adoptar pela primeira vez um código de conduta.
Os Pulitzer galardoaram os melhores do
jornalismo de 2023 em 15 categorias, além de oito nas artes, cabendo a cada
vencedor um valor de 15 mil dólares (13,9 mil euros).
David E. Hoffman, do The Washington
Post, venceu em redacção editorial por uma série “atraente e bem pesquisada”
sobre a forma como os regimes autoritários reprimem a dissidência na era
digital e outro prémio foi para o colaborador Vladimir Kara-Murza, por textos
escritos numa cela de uma prisão russa.
Os Pulitzer concederam ainda um prémio
de reportagem nacional à equipa da agência Reuters por uma série que investigou
os negócios automobilísticos e aeroespaciais do milionário Elon Musk.
A equipa fotográfica da Reuters ganhou o
segundo Pulitzer do dia daquela agência pela sua cobertura do ataque do Hamas a
Israel e da primeira semana da retaliação de Telavive na Faixa de Gaza.
Por outro lado, a menção especial aos jornalistas
palestinianos foi acompanhada por um reconhecimento similar ao escritor e
jornalista norte-americano Greg Tate (1957-2021), apontado como um ícone no
ambiente mediático da cultura afro-americana.
"A sua linguagem, extraída da
literatura, da academia, da cultura popular e do ‘hip hop’, foi tão influente
como o conteúdo das suas ideias. As suas inovações estéticas e originalidade
intelectual, especialmente na sua crítica pioneira de ‘hip hop’, continuaram a
influenciar as gerações posteriores", explicou a organização.
Os prémios são administrados pela
Universidade de Columbia, que tem sido notícia pelas manifestações estudantis
contra a guerra na Faixa de Gaza e o conselho dos Pulitzer reuniu-se fora das
instalações no fim de semana passado para deliberar os vencedores.
Na quinta-feira, o conselho emitiu um comunicado saudando os estudantes jornalistas de Columbia e de outras universidades em todo o país pelo seu trabalho na cobertura das manifestações que se têm replicado em vários estabelecimentos de ensino superior do país. ANG/Angop
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