Portugal/CPLP tem condições para liderar ratificação do acordo
para conservação do alto mar
Bissau, 16 Mai 24(ANG) -
O presidente executivo da Fundação Oceano Azul defendeu hoje que a Comunidade
dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) tem condições para liderar a ratificação
de um tratado "tão importante" para a conservação do alto mar, como é
o “Acordo BBNJ”.
Esta foi uma das
conclusões do seminário que terminou hoje na capital portuguesa dedicado ao
acordo sobre a conservação e a utilização sustentável da biodiversidade marinha
nas zonas não sujeitas à jurisdição nacional, evento organizado pelo Ministério
dos Negócios Estrangeiros, pela CPLP e pela Fundação Oceano Azul, disse Tiago
Pitta e Cunha.
"Eu diria que a
principal conclusão [do seminário] é que a CPLP reúne hoje já a nível dos altos
quadros da administração pública um conjunto de elementos com grande
experiência, grandes competências e capacidades. Portanto, está ao alcance da
CPLP estar (...) na linha da frente na ratificação de um tratado tão importante
como este sobre a conservação do alto mar", afirmou o responsável da
fundação em declarações à Lusa após o encerramento do evento, que começou na
segunda-feira e terminou hoje.
Para o gestor da
Fundação Oceano Azul, o seminário que decorreu nos últimos três dias em Lisboa
"foi muito importante", desde logo "pela qualidade dos altos
quadros" que participaram e pelo "grande objetivo" de
"tentar levar a CPLP a ser líder nesta grande vaga de fundo, que é a
ratificação deste acordo", que representa "um passo civilizacional
muito grande na área da conservação da natureza e da conservação do
oceano".
Tiago Cunha realçou que,
pela primeira vez, uma área que não pertence a ninguém, “como é a área do alto
mar, vai passar a ter todo um enquadramento de governação, com uma convenção
das partes, (...) com instituições próprias, instituições políticas,
instituições técnicas, o que vai permitir a todos os países do mundo, através
destas instituições, poder ter uma palavra a dizer naquilo que é os chamados
Global Commons, sobre aquilo que pertence e é património mundial da
humanidade".
Portugal, Cabo Verde,
Timor-Leste e Brasil foram os países da CPLP que estiveram entre os 80
signatários do Acordo BBNJ, no primeiro momento de assinaturas.
No encontro, foi feito
mais uma vez o apelo para que o total dos estados-membros da organização o
faça.
Tiago Cunha salientou
que ratificar o acordo exige a realização de análises setoriais, por
ministérios, do impacto que o tratado terá nas diferentes tutelas políticas dos
Estados-membros e uma carta que depois será referendada pelos parlamentos antes
de ser assinada pelos chefes de Estado.
A CPLP, com “uma extensa
linha de costa”, mais de sete milhões de quilómetros quadrados de oceano, “é um
dos grandes gigantes mundiais dos oceanos” e os seus estados-membros não têm
grandes frotas de marinha mercante, referiu.
É uma organização que
não tem os interesses “de um Estado de pavilhão, como a Convenção do Direito do
Mar os designa, mas tem os interesses típicos dos Estados costeiros, que
procuram acima de tudo preservar a conservação do oceano para proteger as suas
costas e desenvolver as suas atividades económicas” e "quanto mais for preservado
o mar alto, mais os mares costeiros serão ricos", frisou.
“Vamos então procurar
ver se a CPLP estará à altura de conseguir que os Estados-membros desta
organização estejam no pelotão da frente da ratificação deste tratado",
desafiou o gestor da fundação.
Para isso têm de fazê-lo
"a contrarrelógio", porque "o grande objetivo continua a ser
que, daqui a um ano, em junho de 2025, na próxima Conferência Mundial das
Nações Unidas para os Oceanos, em Nice (França), haja um conjunto de 60 países que
tenham ratificado o tratado", lembrou.
O acordo, no âmbito da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, tem uma natureza vinculativa e constitui um importante contributo para a governação integrada dos mares, além de pemitir que se cumpra o compromisso internacional de proteger 30% do oceano até 2030. ANG/Inforpress/Lusa
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