Trump quer prender o
democrata que investiga processo de impeachment
Bissau, 01 out 19 (ANG) - O presidente americano, Donald Trump,
atacou nesta segunda-feira (30) o congressista democrata que lidera a
investigação do processo de impeachment contra ele.
Trump sugeriu a detenção "por traição" do deputado
Adam Schiff, presidente da Comissão de Inteligência da Câmara de
Representantes, depois dele ter afirmado que o republicano utiliza táticas
mafiosas.
Schiff comparou Trump a um "chefe mafioso" depois da
publicação, na quarta-feira (25) passada, da transcrição da conversa telefônica
entre o republicano e o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski.
No telefonema, que levou os democratas a iniciarem um processo
de impeachment do presidente, Trump pediu a Zelenski que investigasse Joe
Biden, seu potencial rival nas eleições de 2020.
Na semana passada, Schiff abriu uma sessão parlamentar imitando
Trump com voz de mafioso ao telefone, tentando convencer o presidente ucraniano
a ajudá-lo com a investigação.
"Um chefe mafioso
fala assim: o que você fez por nós? Nós fizemos muito por vocês, mas a
recíproca não é verdadeira. Tenho um serviço para pedir a vocês", ironizou
o deputado democrata.
Mas a imitação, que segundo Schiff pretendia dramatizar o
incidente na origem do pedido de impeachment, foi amplamente criticada pela
imprensa conservadora.
Nesta manhã, Trump denunciou a declaração de Schiff como uma
"afirmação falsa e terrível".
"Fingiu que era algo
meu, que era a parte mais importante da minha ligação ao presidente ucraniano e
leu em voz alta para o Congresso e o povo americano", reclamou no Twitter.
"NÃO tinha nenhuma relação com o que eu disse na ligação. Prisão por
traição?", completou.
O escândalo que pode derrubar Trump veio à tona por meio de uma
denúncia anônima feita por um membro da CIA, a agência de inteligência
americana.
A fonte produziu um relatório afirmando que Trump usou sua
posição "para buscar a interferência de um país estrangeiro nas eleições
de 2020 nos Estados Unidos".
O documento, bastante detalhado, sugere que ele tem uma formação
de analista, que trabalhou por um tempo para a Casa Branca e que conhece a
política ucraniana, segundo o jornal "The New York Times".
O agente, que não
testemunhou diretamente o telefonema entre Trump e Zelenski, checou algumas de
suas informações como parte do "relacionamento regular entre
agências".
Em 2014, Joe Biden, então vice de Barack Obama, pediu que o
procurador-geral ucraniano Viktor Shokin fosse destituído do cargo por seus
maus resultados na luta contra a corrupção na Ucrânia.
Mas Trump diz que o motivo real de Biden ter solicitado o afastamento
do procurador seria acobertar supostas irregularidades do filho de Biden,
Hunter, que foi membro do conselho de administração da empresa ucraniana
Burisma, grande produtora de gás, na mesma época.
Na Burisma, uma companhia com má reputação, Hunter era
encarregado de representar a empresa nas organizações internacionais.
Ele mesmo explicou que
iria assessorar o grupo sobre "transparência", no momento em que seu
pai era responsável pelas relações com a Ucrânia.
Alguns observadores estranharam a presença de Hunter nos quadros
da empresa. Outros consideraram normal que uma personalidade conhecida, como um
filho do vice-presidente dos Estados Unidos, fosse contratado para resgatar a
imagem da empresa. ANG/RFI
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