Pequim/China critica EUA por reforço de laços militares no Indo-Pacífico
Bissau, 07 Mar 22 (ANG) - O ministro dos Negócios Estrangeiros da China, Wang Yi, acusou esta segunda-feira, 07, Washington de tentar criar uma versão asiática da NATO e disse que cabe ao Governo norte-americano melhorar as relações com a Coreia do Norte.
A política dos Estados
Unidos em relação ao Leste da Ásia e ao Oceano Índico, e os esforços para
reforçar os laços militares com Japão, Austrália e Índia são um "desastre,
que interrompe a paz e a estabilidade regionais", apontou Wang Yi, em
conferência de imprensa.
Os comentários reflectem
as ambições de Pequim para se converter no principal poder da Ásia e a sua
frustração com a resistência dos países vizinhos às suas reivindicações
territoriais no Mar do Sul da China e nos Himalaias.
Também reflectem a
posição da China em relação à invasão da Ucrânia pela Rússia.
O país asiático procurou
distanciar-se da guerra, apelando ao diálogo e ao respeito pela soberania
nacional, mas culpou Washington pelo conflito, por não levar em consideração as
preocupações de segurança da Rússia.
"Os Estados Unidos
estão a jogar os seus jogos geopolíticos, sob o pretexto de promoção da
cooperação regional", disse Wang.
O ministro acrescentou
que a postura da Casa Branca "contraria" os desejos regionais de
cooperação e "está condenada a não ter futuro".
Wang acusou Washington
de estar a organizar uma aliança para "suprimir a China".
Estados Unidos, Japão,
Austrália e Índia reforçaram, nos últimos anos, os seus laços militares. Em
2021, Washington acordou fornecer tecnologia à Austrália para a construção dos
seus primeiros submarinos movidos a energia nuclear.
"O verdadeiro
propósito da 'estratégia Indo-Pacífico' é criar uma versão da NATO para" a
região, disse Wang Yi.
A expansão da aliança
ocidental foi citada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, como um dos motivos
para invadir a Ucrânia.
A política externa assertiva
de Pequim e as suas reivindicações de territórios disputados no Mar do Sul da
China e nos Himalaias antagonizaram o Japão, a Índia e outros países vizinhos.
Wang pediu ao Governo de
Joe Biden que revivesse o espírito dos acordos dos anos 1970, que abriram as
relações dos EUA com o executivo comunista de Pequim.
"Os Estados Unidos
não poupam esforços para concretizar uma intensa competição com a China,
constantemente atacando e provocando problemas em questões relacionadas com os
interesses centrais chineses", disse Wang.
Washington deve
"voltar ao caminho certo da racionalidade e do pragmatismo", apelou.
Wang pediu aos Estados
Unidos que tomem a iniciativa de melhorar as relações com a Coreia do Norte e
acusou o Governo de Biden de não responder a "medidas positivas" de
Pyongyang.
"Depende em grande
parte do que o lado americano fizer, se realmente vai adotar ações concretas,
para resolver o problema, ou vai continuar a usar a questão da península
[coreana] como moeda de troca estratégica" disse Wang.
Sobre o Mar do Sul da
China, o ministro reclamou que atores externos estejam a interferir nos
esforços para desenvolver um "código de conduta" e disse que Pequim e
os governos dos países do Sudeste Asiático deveriam negociar entre si.
Os Estados Unidos e
outros governos enviaram navios de guerra para zonas daquele mar reivindicadas
por Pequim, reclamando assim o direito de navios de todos os países usarem
aquelas águas.
As forças externas
"não querem que o Mar do Sul da China permaneça calmo, porque isso faz com
que percam o pretexto de intervir, para ganho pessoal", disse Wang.
"A interferência
externa não pode parar o ritmo da cooperação regional", apontou. ANG/Angop
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