Fórum Mundial/África precisa de “acelerar drasticamente” para alcançar objectivos no acesso a água
Bissau, 23 Mar 22 (ANG) – Para que África alcance os objectivos de desenvolvimento sustentável (ODS) relativos à água será preciso “acelerar drasticamente” os progressos no que diz respeito ao acesso a água, saneamento e serviços básicos de higiene, alerta um relatório hoje divulgado.
Lançado
durante o Fórum Mundial da Água, que está a decorrer em Dacar até sábado, o
relatório das agências das Nações Unidas para a saúde e a infância (OMS e
Unicef) alerta que, se a tendência actual se mantiver, muito poucos
Estados-membros da União Africana conseguirão alcançar o acesso universal a
água potável, ao saneamento gerido com segurança ou a serviços básicos de
higiene até 2030.
Segundo
um comunicado do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), o relatório,
que pede “acção urgente num continente em que a escassez de água e o reduzido
saneamento podem ameaçar a paz e o desenvolvimento”, recorda que 418 milhões de
africanos ainda não têm sequer acesso a um serviço básico de água potável, 778
milhões não têm saneamento básico e 839 milhões não têm serviços básicos de
higiene.
Para
alcançar os ODS, adotados pelas Nações Unidas em setembro de 2015 e a serem
atingidos até 2030, África tem de multiplicar por 12 a sua taxa actual de
progresso no acesso a água potável, multiplicar por 20 o saneamento e por 42 o
acesso a serviços de higiene básicos.
“Acesso
equitativo a água potável, saneamento e higiene não é apenas a base da saúde e
do desenvolvimento para crianças e comunidades. Água é vida, água é
desenvolvimento, água é paz”, disse a directora regional da Unicef para a
África Ocidental e Central, Marie-Pierre Poirier, citada no comunicado.
“Numa
altura em que a escassez de água alimenta conflitos e em que os pontos de
acesso a água são alvos, a Unicef apela a ações urgentes. Precisamos de água,
saneamento e higiene nas escolas, especialmente para as meninas que poderão
estar a faltar à escola porque não há casas de banho ou porque têm de ir buscar
água”, afirmou a responsável.
O
relatório lembra ainda que existem grandes desigualdades dentro de cada país,
nomeadamente entre zonas rurais e urbanas, entre regiões e entre os mais ricos
e os mais pobres.
Nas
zonas urbanas, duas em cada cinco pessoas têm falta de água potável gerida com
segurança, duas em cada três têm falta de saneamento seguro e metade das populações
não têm serviços básicos de higiene seguros.
Nas
zonas rurais, quatro em cada cinco pessoas não têm acesso a água potável gerida
com segurança, três em cada quatro não têm saneamento seguro e sete em cada 10
não têm serviços básicos de higiene seguros.
O 9.º
Fórum Mundial da Água, que começou na segunda-feira e termina no sábado,
decorre pela primeira vez na África subsaariana, organizado pelo Senegal, que
actualmente preside à União Africana.
O
evento visa ser uma plataforma para encontrar soluções que aumentem o acesso à
água e ao saneamento no continente até 2030.
ANG/Inforpress/Lusa
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