Covid-19/"Pandemia aumentou as desigualdades e a violação dos direitos humanos", diz Aministia Internacional
Bissau, 29 Mar 22 (ANG) - O último relatório anual da Amnistia Internacional divulgado esta terça-feira, revela que a pandemia e o agravamento dos conflitos em todo o mundo aprofundaram as desigualdades e a violação dos direitos humanos no Médio Oriente e no Norte de África.
De acordo com a Amnistia Internacional, as
respostas dos Estados e multinacionais ao desafio de combater a pandemia e o
agravamento dos conflitos no mundo aumentaram as desigualdades e aprofundaram
as violações dos direitos fundamentais.
Segundo o relatório, “a pobreza crescente, a insegurança alimentar
e a instrumentalização da pandemia” pelos governos para
reprimir a dissidência foram “amplamente fomentadas em 2021”, enquanto as ameaças de novos
conflitos aumentaram.
Em particular no Médio Oriente e no Norte de
África, que assinalaram em 2021 o 10º aniversário das grandes revoltas que
ficaram conhecidas como a “Primavera Árabe”. Nestas regiões, concretamente na
Líbia, Israel e nos territórios palestinianos ocupados, ou mesmo no Iémen, “os
confrontos resultaram nas violações flagrantes do direito internacional e dos
direitos humanos”, indica a ONG.
Alguns governos são acusados no
relatório de "não dar
prioridade ao acesso da população aos cuidados de saúde, incluindo as vacinas
anti-Covid-19".
Apesar de haver produção suficiente para vacinar toda a população
mundial em 2021, apenas menos de 4% da população dos países mais pobres recebeu
o regime completo até ao final do ano.
O relatório da Amnistia Internacional contabiliza os inúmeros
ataques à liberdade de expressão no Médio Oriente e Norte de África, com os
governos a aprovarem novas leis draconianas que criminalizam o exercício desse
direito.
A ONG cita o caso "emblemático" do saudita
Abdulrahman al-Sadhan, condenado a 20 anos de prisão, seguido de proibição de
deixar o país pelo mesmo período, por ter criticado nas redes sociais a
política económica do governo.
Na Líbia, o parlamento aprovou uma lei sobre crimes cibernéticos
que limita “severamente a liberdade de
expressão online",
permitindo que o governo realize atividades de vigilância e exerça censura.
Do lado do vizinho Egipto, o Presidente Abdel Fattah al-Sissi “promulgou uma lei que torna passível de acusação, com fundamentos
formulados em termos vagos, a publicação de informações sobre pandemias”,
denuncia o relatório.
Além das restrições à liberdade de imprensa, as queixas apontadas
pela Amnistia internacional incluem a superlotação das cadeias, crimes de
guerra, graves violações do direito internacional humanitário, interferência
militar estrangeira, transferência ilegal de armas, violação dos direitos de
refugiados ou migrantes, situação precária de trabalhadores estrangeiros,
expropriação de terras, violência contra o respeito às mulheres, discriminação
contra pessoas LGBTI e membros de minorias religiosas e étnicas.
Em pelo menos 18 países dessas regiões, "actos de tortura e outros maus-tratos continuaram em 2021, nos
locais de detenção oficiais e não oficiais, inclusive durante interrogatórios e
no contexto de confinamento solitário em condições muito duras”, refere novamente a ONG.
Apesar do contexto difícil, os direitos humanos continuam a ser uma questão importante aos olhos da população destas regiões. De acordo com a Amnistia Internacional, mais de 630.000 pessoas tornaram-se membros internacionais ou apoiantes da ONG. ANG/RFI
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