COP29/ Alterações climáticas agravam condições “infernais” dos deslocados
Bissau, 12 Nov 24 (ANG) - As alterações climáticas já
forçaram milhões de pessoas, em todo o mundo, a abandonarem as suas casas e o
aquecimento global do planeta está a agravar as condições já “infernais”
enfrentadas por estes deslocados.
As alterações climáticas já forçaram milhões de pessoas, em todo
o mundo, a abandonarem as suas casas e o aquecimento global do planeta está a
agravar as condições já “infernais”
enfrentadas por estes deslocados. O alerta é da agência da ONU para os
Refugiados e consta do relatório “No Escape: On the Frontlines of Climate,
Conflict and Displacement" ("Sem escapatória - Na linha da frente do
clima, conflitos e deslocações”, numa tradução livre), apresentado esta
terça-feira, 12 de Novembro, na COP 29 em Baku.
Ao segundo dia da Conferência das Nações Unidas sobre Alterações
Climáticas, o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR)
aproveitou para lembrar como o aumento das temperaturas e a multiplicação dos
fenómenos meteorológicos extremos impactam a vida dos refugiados e dos
deslocados. O ACNUR apela a investimentos mais significativos e eficazes.
No documento, a agência das Nações Unidas para os Refugiados
sublinha que as alterações climáticas e os conflitos estão interligados,
sujeitando as pessoas já em perigo a situações ainda piores, como no Sudão, na
Somália ou na Birmânia.
“No nosso mundo em aquecimento, a
seca, as inundações, o calor mortal e outros fenómenos meteorológicos extremos criam
situações de emergência com uma frequência alarmante”, ressalva o chefe do ACNUR, Filippo
Grandi, no prefácio do relatório. “As pessoas forçadas a fugir dos seus lares
estão na linha da frente desta crise”, acrescenta.
75% dos deslocados vivem em países fortemente ou extremamente
expostos aos riscos climáticos e “à medida que a velocidade e a escala das
alterações climáticas aceleram, este número só continuará a aumentar”.
Dados recentes do Centro de Monitorização de Deslocados Internos
indicam que os desastres meteorológicos forçaram cerca de 220 milhões de
pessoas a fugir dentro dos seus países na última década. O ACNUR lamenta a
grave falta de fundos para apoiar os que fogem e as comunidades que os acolhem:
“Estamos
a ver uma situação que já é infernal a tornar-se ainda mais difícil”.
Até 2040, o número de países em todo o mundo expostos a riscos
climáticos extremos deverá passar de três para 65, a grande maioria destes
países acolhe populações deslocadas. Até 2050, a maioria dos campos e
instalações de refugiados deverá enfrentar o dobro dos dias com temperaturas
perigosamente elevadas em comparação com hoje, alerta o relatório do ACNUR. Um
perigo imediato para a saúde e a vida dos refugiados, mas também para as
colheitas e o gado.
As alterações climáticas vão também piorar a já difícil situação humanitária na África Austral, onde se situam Angola e Moçambique, avança o mesmo relatório.ANG/RFI
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