Angola/ONGs pedem à ONU que investigue alegadas mortes de milhares de angolanos
Bissau, 26 set 25(ANG) - Em Angola, cinco organizações da sociedade civil instam as Nações Unidas (ONU) a liderar uma investigação internacional independente sobre as mortes que ocorreram durante a greve dos taxistas. As ONGs disponibilizam-se para fornecer todas as provas e documentação disponíveis para apoiar a busca por justiça.
A AJPD, Omunga, Mudei, Handeka e Friends
of Angola (FoA) enviaram uma carta aberta ao secretário-geral das Nações
Unidas, António Guterres, solicitando a criação de uma missão independente para
apurar e investigar os acontecimentos de julho, bem como os de Cafunfo, na
Lunda Norte, e do Monte Sumi, na província do Huambo.
Florindo Chivucute, líder da Friends of
Angola, revela que as organizações estão dispostas a cooperar com qualquer
missão das Nações Unidas interessada no caso.
“Uma
coligação, constituída por várias organizações da sociedade civil, resolveu
fazer este pedido ao secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, para
que criasse uma missão internacional independente de apuração dos factos, com o
fim de investigar os massacres ocorridos em Angola entre os dias 28 e 30 de
julho de 2025, mas também olhar para outros massacres que tenham ocorrido,
incluindo o de Monte Sumi. Alegadamente, segundo várias organizações da
sociedade civil, entre 700 a 1.000 pessoas, incluindo crianças e mulheres, foram
assassinadas em 2015, assim como no massacre que aconteceu em Cafunfo”, explicou o responsável.
O activista diz ser crucial que a ONU
investigue as acções de violação de direitos humanos no país, para prevenir
futuros abusos contra os angolanos.
“No entanto,
este é o objetivo principal, e é importante para preservar também, por causa do
tempo, que se faça o mais rápido possível, para a preservação das provas, antes
que desapareçam, conferindo legitimidade e credibilidade internacional, além de
enviar um sinal dissuasor para prevenir futuros abusos e construir as bases
para a justiça futura. Muitos desses crimes podem ser considerados ‘crimes
contra a humanidade’, que devem ser investigados para que o mesmo não volte a
acontecer em Angola”, defendeu Florindo Chivucute.
As ONGs entendem que é importante acabar
com a impunidade, começando com investigações e queixas-crime junto de
instituições internacionais, tendo Angola assinado vários tratados.
“No entanto, é fundamental que a impunidade não continue a prevalecer e, por consequência, a continuidade do massacre de angolanos e angolanas neste território. O pedido já foi apresentado a várias organizações, apesar de Angola não ser subscritora de alguns tratados que o permitiriam de imediato. Mas temos, sim, vários casos do passado em que, mesmo não sendo parte do Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional, países como a Síria ou o Sudão, as Nações Unidas foram capazes de criar um grupo independente para investigar os crimes cometidos nesses territórios”, lembrou o presidente da Friends of Angola.ANG/RFI

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