Ucrânia/ Queniano diz
ter sido recrutado à força pela Rússia
Bissau, 19 Set 25 (ANG) - Um cidadão queniano capturado pelas forças
ucranianas, na frente de batalha na região de Kharkiv, diz ter sido recrutado à
força por Moscovo para lutar na guerra após uma visita à Rússia.
Num vídeo, divulgado pela 57.ª Brigada Motorizada da Ucrânia, o homem, identificado como Evans, de 36 anos, contou que foi para a Rússia "como turista para ver lugares diferentes", mas acabou por ser enganado e assinou, sem saber, um contrato com o exército russo.
"Eu não fui
para a Rússia pelo serviço militar. Fui lá como turista para ver lugares giros.
Passei lá duas semanas", começou por referir.
"No dia
anterior ao meu regresso ao Quénia, o tipo que me recebeu na Rússia
perguntou-me: 'Evans, gostaste da Rússia?'", acrescentou.
Depois de ter
respondido que a viagem tinha sido "boa", o homem questionou-o se "gostaria
de ficar" na Rússia e "arranjar um bom emprego".
Evans queria ficar,
mas tinha "um problema": "O visto estava a expirar". O
homem disse que podia ajudar e que tinha um emprego" disponível para o
queniano.
"Perguntei que
tipo de emprego, mas ele não me disse. Nessa noite, veio com alguns papéis
escritos em russo e mostrou-me onde assinar. Não sabia que era um contrato de
serviço militar", revelou Evans aos soldados ucranianos.
"Depois de eu
assinar, ele levou o meu passaporte e o meu telefone, dizendo que os
devolveria. A partir desse momento, outras pessoas vieram buscar-me.
Disseram-me para entrar no carro", acrescentou.
No próprio dia,
Evans foi levado para um acampamento militar para começar a treinar antes de ir
para a linha da frente. O treino durou apenas uma semana e só aprendeu a usar
uma espingarda.
"Falavam russo
e eu não entendia nada. Eles vinham e agarravam-me. 'Vai! Vem!' - era assim que
faziam", contou.
Quando percebeu que
tinha sido recrutado para o exército russo, tentou recusar, mas foi-lhe dito
que não tinha outra escolha. "Disseram que eu ou lutaria por eles ou seria
morto", afirmou.
Depois foi
"largado na floresta" e foi nessa altura que conseguiu fugir.
"Não queria lutar. Eles largaram-me e eu tirei todo o equipamento militar.
Passei dois dias na floresta à procura de soldados ucranianos para que pudesse
salvar a minha vida".
"Se tivesse
corrido para os russos, teria sido morto. Os ucranianos deram-me água,
comida. Trataram-me bem", disse, entre lágrimas.
Confrontado sobre a
possibilidade de integrar uma troca de prisioneiros com a Rússia, Evans
respondeu: "Para a Rússia, não. Para qualquer país, mas não para a Rússia.
Não quero ir para a Rússia. Morrerei lá".
Sublinhe-se que, no mês passado, o presidente ucraniano,
Volodymyr Zelensky, alertou para a presença de combatentes de países africanos
e asiáticos nas fileiras do Exército russo, após uma visita à frente de
Vovchansk, na região nordeste de Kharkiv.
"Os nossos combatentes neste setor relatam a participação
de mercenários da China, Tajiquistão, Uzbequistão, Paquistão e países africanos
na guerra. Responderemos", escreveu Zelensky nas redes sociais, após
visitar soldados do 17.º Batalhão de Infantaria Motorizada Separado na frente
de Vovchansk.
A guerra na Ucrânia, causada pela invasão da Rússia em fevereiro
de 2022, tem assentado num combate intenso nas regiões do leste e do sul, com
frequentes bombardeamentos de infraestrutura civil, deslocamentos de populações
e elevado número de baixas.
Neste verão, houve múltiplas tentativas diplomáticas para
estabelecer um cessar-fogo, incluindo uma proposta dos Estados Unidos de
suspensão das hostilidades por 30 dias, mas apesar de tais esforços não houve
avanço significativo real.ANG/Lusa

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