Reino Unido/Governo suspende negociações com Israel
Bissau, 20 Mai 25 (ANG) - O Governo britânico
anunciou hoje a suspensão de negociações sobre comércio com Israel e a
convocação do embaixador israelita em Londres para mostrar desagrado com o
bloqueio à entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza.
Numa declaração no Parlamento, o ministro dos Negócios
Estrangeiros britânico, David Lammy, acrescentou que será revista a cooperação
bilateral futura e não excluiu mais medidas.
"Existe um plano da ONU pronto para prestar ajuda em grande
escala, necessário com medidas de mitigação contra o desvio da ajuda. Há
humanitários corajosos prontos a fazer o trabalho. Há 9.000 camiões na
fronteira. Primeiro-ministro [Benjamin] Netanyahu: acabe já com este bloqueio e
deixe entrar a ajuda", declarou.
Lammy disse que "a conduta na guerra em Gaza está a
prejudicar" a relação do Reino Unido com o governo de Netanyahu e a isolar
Israel da comunidade internacional.
"Não podemos ficar de braços cruzados perante esta nova
deterioração. É incompatível com os princípios que estão na base da nossa
relação bilateral", vincou o ministro.
Lammy também anunciou a imposição de sanções britânicas a três
indivíduos e quatro entidades envolvidas na violência de colonos judaicos
contra comunidades palestinianas na Cisjordânia "com o apoio explícito
deste governo israelita".
A decisão reforça uma série de intervenções do primeiro-ministro
britânico, Keir Starmer, nos últimos dias em conjunto com outros países para
pressionar as autoridades israelitas a deixar entrar mais ajuda humanitária na
Faixa de Gaza.
Starmer voltou ao tema no Parlamento britânico, antes de uma
declaração sobre a cimeira entre o Reino Unido e a UE, para denunciar que
"o nível de sofrimento, com crianças inocentes a serem novamente
bombardeadas, é absolutamente intolerável".
"O recente anúncio de que Israel vai permitir a entrada de
uma 'quantidade básica de alimentos' em Gaza é total e absolutamente
inadequado, pelo que temos de coordenar a nossa resposta, porque esta guerra já
dura há demasiado tempo. Não podemos permitir que a população de Gaza passe
fome", salientou.
O Reino Unido tem estado sob pressão interna de ativistas e de
partidos da oposição para suspender a venda de armas a Israel e implementar
outro tipo de sanções.
Em setembro passado, David Lammy anunciou a suspensão de cerca
de 30 licenças de exportação de armas para Israel, num total de 350, invocando
"o risco" de serem utilizadas em violação do direito internacional em
Gaza, mas recusou incluir componentes para os caças F-35.
Numa cedência à pressão internacional, Netanyahu anunciou na
segunda-feira que ia permitir o acesso à Faixa de Gaza de camiões de transporte
de comida para bebés.
A ONU foi autorizada por Israel a levar "cerca de 100"
camiões de ajuda humanitária para o território palestiniano de Gaza, confirmou
o porta-voz do Gabinete de Assuntos Humanitários da organização, Jens Laerke.
Nenhuma ajuda humanitária foi autorizada a entrar no território
palestiniano desde 02 de março, pelo que as agências da ONU e organizações
não-governamentais (ONG) que trabalham em Gaza têm vindo a alertar, há várias
semanas, para a escassez de alimentos, água potável, combustível e medicamentos
no enclave, em guerra há mais de 19 meses.
O líder do Gabinete da ONU para a Coordenação de Assuntos
Humanitários (OCHA), Tom Fletcher, alertou, em declarações à BBC, que 14.000
bebés podem morrer nas próximas 48 horas em Gaza devido ao atraso na chegada de
ajuda humanitária. ANG/Lusa

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