Médio Oriente/OMS descreve "um terror sem fim" vivido pela população de Gaza
Bissau, 20 Mai 25 (ANG) - O chefe do escritório da
Organização Mundial da Saúde (OMS) para os Territórios Palestinianos, Rik
Peeperkorn, descreveu hoje como "um terror sem fim" a situação vivida
pela população de Gaza, cenário de um conflito entre Israel e o Hamas.
Os seres humanos não são
feitos para suportar um terror sem fim", afirmou Rik Peeperkorn, ao
descrever o sofrimento da população da Faixa de Gaza desde que Israel rompeu o
cessar-fogo em março e desde que Telavive intensificou a ofensiva militar no
enclave palestiniano.
"Até os mais fortes quebram sob o peso do trauma e da
incerteza constantes", afirmou, relatando o estado do sistema de saúde de
Gaza, que está a desmoronar-se, e o drama da saúde mental.
"O fardo para a saúde mental neste conflito é
incompreensível e durará toda a vida para muitos, que sofreram 19 meses em
condições indescritíveis, deslocados uma e outra vez e perdendo cada vez mais
entes queridos", referiu.
Segundo o responsável da OMS, só nos últimos cinco dias, em que
Israel intensificou os seus ataques, 34.000 pessoas foram deslocadas, embora
esse número tenha atingido meio milhão desde meados de março.
Apesar de Israel ter voltado a permitir parcialmente a entrada
de ajuda humanitária em Gaza, que estava bloqueada desde o início de março,
Peeperkorn apelou às autoridades israelitas para que abram pelo menos dois
postos fronteiriços para simplificar e acelerar o processo.
Desde o início da guerra no enclave palestiniano, em outubro de
2023, a OMS registou 697 ataques a instalações de saúde.
Nos últimos dois dias, foram bombardeados dois hospitais de referência
que estavam parcialmente operacionais no sul de Gaza.
No Hospital Nasser, foi atacado um armazém onde a OMS guardava
material vital, 30% do qual foi destruído, enquanto o Hospital Europeu já não
funciona e as suas unidades de neurocirurgia, cardíaca e oncológica deixaram de
funcionar. Em mais nenhum lugar de Gaza é prestado tratamento nestas áreas.
Já no norte da Faixa de Gaza, as forças israelitas destruíram as
estradas que conduzem ao Hospital Indonésio, de onde, após novos ataques, os
doentes foram obrigados a sair pelos seus próprios meios nos últimos dias. No
entanto, 15 pacientes acabaram por ficar no hospital face à incapacidade de se
deslocarem.
A OMS está a ajudar o Hospital Al-Shifa, no centro de Gaza, a
expandir os seus serviços e está atualmente a funcionar a 150% da sua
capacidade, segundo pormenorizou Peeperkorn.
Na mesma zona, o Hospital Al-Ahli retomou os serviços nas
últimas 72 horas e está a receber mais de uma centena de doentes por dia.
Hoje, o líder do Gabinete das Nações Unidas para a Coordenação
de Assuntos Humanitários (OCHA) alertou que 14 mil bebés podem morrer nas
próximas 48 horas em Gaza devido ao atraso na chegada de ajuda humanitária.
A guerra em curso na Faixa de Gaza foi desencadeada por um
ataque do grupo extremista palestiniano Hamas no sul de Israel em 07 de outubro
de 2023 que causou cerca de 1.200 mortos e 250 reféns.
A retaliação de Israel provocou mais de 53.000 mortos em Gaza,
além da destruição de grande parte das infraestruturas do território governado
pelo Hamas desde 2007.ANG/Lusa

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