África do Sul/G20 encerra com compromissos climáticos e diplomacia dividida
Bissau,25 Nov 25(ANG) - O G20 terminou no domingo, em Joanesburgo, com um debate centrado na capacidade do grupo para actuar num contexto que vários dirigentes descreveram como fragmentado.
A sessão abriu com a discussão sobre “como o G20 pode
sobreviver num mundo em fragmentação”, segundo o resumo dos trabalhos divulgado
no local.
O encontro decorreu sem a presença dos Estados Unidos, cujo
governo rejeitou a reunião alegando que as prioridades da presidência
sul-africana, incluindo a cooperação em comércio e clima, contrariavam a sua
política. Também não participaram o presidente argentino, Javier Milei, nem a
presidente do México, Claudia Sheinbaum.
Dezenas de líderes de economias da Europa, China, Índia, Japão,
Turquia, Brasil e Austrália estiveram presentes na primeira reunião do G20
realizada em África. O grupo reúne 19 países, a União Europeia e a União
Africana, que representam cerca de 85% do PIB mundial e dois terços da
população global.
No sábado, 22 de novembro, os dirigentes adotaram uma declaração
conjunta onde afirmam que se reuniram “em um contexto de crescente competição e
instabilidade geopolítica e geoeconómica, intensificação de conflitos e
guerras, profundização da desigualdade e aumento da incerteza económica mundial
e fragmentação”. O presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa,
reconheceu “desafios”, mas considerou que o grupo “sublinha o valor da relevância do
multilateralismo”.
Em entrevista à RFI, André Julião, porta-voz da Amnistia
Internacional em Portugal, afirmou:
“Os países do G20 têm, com raros compromissos internacionais, de
colocar a humanidade em primeiro lugar e priorizar uma liderança global baseada
em princípios, para que os direitos humanos sejam assegurados. Até porque
assistimos cada vez mais a práticas autoritárias em todo o mundo, desde guerras
que devastam a vida de milhares de pessoas a um número alarmante e crescente de
líderes mundiais que estão a arrastar a humanidade por um caminho perigoso, e
espera-se que não sem retorno.
Portanto, o que nós esperamos é que o G20 dê um passo em frente,
faça o que está certo, combata as crises globais, nomeadamente as alterações
climáticas induzidas pelo homem.
Por outro lado, um aumento massivo do financiamento climático
para os países de rendimentos mais baixos, que são os que mais sofrem com as
alterações climáticas e os que menos contribuem para elas. Nós precisamos que
os líderes mundiais estabeleçam caminhos claros para a eliminação total,
rápida, justa e financiada dos combustíveis fósseis.
Por fim, que protejam os defensores dos direitos humanos,
nomeadamente dos direitos humanos ambientais, e combatam as crises globais
derivadas das alterações climáticas, sobretudo nesses países de baixos
rendimentos que estão, infelizmente, sujeitos a ameaças globais crescentes.”
A organização Oxfam declarou que “a África do Sul deu um exemplo ao mundo” ao
garantir que o G20 mantivesse uma declaração comum “apesar da
poderosa oposição”. Já o presidente francês, Emmanuel
Macron, afirmou que “o
G20 poderá estar a chegar ao final de um ciclo”.
A presidência rotativa do G20 passa agora para os Estados
Unidos, que vão organizar a próxima reunião em Miami, em 2026. ANG/RFI

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