Israel/Médicos opõem-se à aplicação da pena de morte
Bissau, 19 Nov 25 (ANG) - A
Associação Médica de Israel opôs-se hoje a participar em execuções, alegando
que tal prática é "eticamente inaceitável", num momento em que a
aplicação da pena de morte está a ser debatida no parlamento israelita.
A recusa da associação foi apresentada perante a Comissão de Segurança Nacional do parlamento israelita (Knesset), onde está a ser debatida uma lei sobre a aplicação da pena de morte a condenados por assassinar cidadãos israelitas.
A associação, que representa 90% dos
médicos de Israel, proibiu "terminantemente a participação, seja passiva
ou ativa, de qualquer médico do país na aplicação da pena de morte", por
considerar que esta contraria os princípios éticos da medicina, afirmou perante
a comissão parlamentar Alberto Olchowski, representante da entidade.
"A Organização
Médica Mundial declara que a participação de médicos em execuções é eticamente
inaceitável em todas as fases, tanto na preparação como na consulta, e está
proibido utilizar os nossos conhecimentos para fins que não a promoção da saúde
e do bem-estar", acrescentou o representante.
A comissão começou
hoje as sessões para debater o projeto de lei relativo à aplicação da pena de
morte a condenados por matarem cidadãos israelitas, aprovado na semana passada
em primeira leitura no plenário.
"Se não
condenarmos os terroristas à morte, condenaremos o nosso país à morte",
afirmou a deputada da extrema-direita israelita, Lior Son Har-Melech, uma das
promotoras da proposta e membro do partido Poder Judeu.
Segundo um rascunho
do projeto de lei, ao qual a agência noticiosa espanhola EFE teve acesso, a
pena de morte será aplicada a quem causar "a morte de um cidadão israelita
por motivos de racismo ou hostilidade para com a população, para prejudicar o
Estado de Israel e a ressurreição do povo judeu na sua terra", motivo pelo
qual grupos de defesa dos direitos humanos alertam que a medida afetará quase
exclusivamente presos palestinianos.
"Solidarizo-me
com as famílias afetadas pelo atentado de ontem, mas um Estado não pode ser
guiado pelo desejo de vingança", criticou no debate o deputado Gilad
Kariv, do Partido Democrata, aludindo ao ataque ocorrido na terça-feira na
Cisjordânia, no qual dois palestinianos esfaquearam mortalmente um israelita.
"Pretendem
transformar-nos num país que cospe na tradição judaica com uma lei racista e
fanática que envergonha a nossa história", afirmou.
O ministro da
Segurança Nacional israelita, Itamar Ben Gvir, dirigente do partido Poder Judeu
e conhecido pela sua ideologia supremacista e antiárabe, afirmou, por seu lado,
estar-se perante "a lei mais importante da história de Israel".
"Para
dissuadir estes assassinos, esta lei deve avançar. A aprovação é fundamental
para o verdadeiro exercício dos direitos civis e da moral", argumentou.
A proposta foi
aprovada no passado dia 10 de novembro em primeira leitura -- de um total de
três -- no plenário da Knesset, com 39 votos a favor e 18 contra.
Segundo o projeto,
que terá de ser aprovado em comissão antes de regressar ao plenário para duas
novas votações, a pena de morte será igualmente aplicada por tribunais
militares israelitas no território palestiniano ocupado da Cisjordânia,
"por maioria simples dos juízes do tribunal de primeira instância", e
não por unanimidade, e "não poderá ser comutada" por uma pena
inferior.
Vários deputados e
representantes de organizações não-governamentais israelitas pronunciaram-se
contra a proposta, apontando motivos éticos, legais e religiosos.
Além desta lei, o
partido de Ben Gvir promoveu também o endurecimento das condições a que estão
sujeitos os presos palestinianos, que, segundo documentação de diversas
organizações, sofrem de forma sistemática privação de alimentos e até atos de
tortura, tanto em prisões como em centros de detenção militares.ANG/Lusa

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