Angola/Luanda recebe 7ª cimeira UE-UA para redefinir parceria África-Europa
Bissau, 24 Nov 25 (ANG) - Arranca esta segunda-feira, a 7ª edição da cimeira entre a União Europeia (UE) e a União Africana (UA), sob o tema "Promover a paz e a prosperidade através do multilateralismo eficaz".
O encontro marca os 25 anos desta
parceria intercontinental e surge num momento de transformações geopolíticas,
económicas e sociais para os dois continentes.
Luanda recebe a 7ª Cimeira União Europeia–União Africana,
para redefinir a relação estratégica num momento decisivo para a estabilidade
nos dois continentes. Sob o lema “Promover a Paz e a Prosperidade
através do Multilateralismo Eficaz”, o encontro decorre no Salão Protocolar
da Presidência da República de Angola, junto ao Memorial António Agostinho
Neto, assinala os 25 anos de parceria UE–UA e coincide com um ano simbólico
para Angola, que celebra meio século de independência.
A cimeira é
copresidida pelo Presidente angolano, João Lourenço, e pelo Presidente do
Conselho Europeu, António Costa, conta com a Presidente da Comissão Europeia,
Ursula von der Leyen, e com o Presidente da Comissão da União Africana, Mahmoud
Ali Youssouf, entre outros Chefes de Estado e de governo. Entre os
participantes encontram-se também o Presidente francês, Emmanuel Macron, o
primeiro-ministro alemão, Friedrich Merz, o Presidente queniano, William Ruto,
e o Presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, numa altura em que o continente
africano surge em competição com os Estados Unidos, a China e a Rússia.
Durante estes dois
dias, os líderes africanos e europeus procuram avançar numa agenda comum, que
inclui segurança, integração económica, governação, mobilidade académica,
migração e cooperação em sectores estratégicos como a mineração, para produzir
uma declaração conjunta que estabeleça prioridades claras para os próximos
anos.
À margem da cimeira,
os líderes europeus vão continuar as discussões sobre o plano dos EUA para pôr
fim à guerra na Ucrânia, estando agendada para esta manhã de segunda-feira uma
reunião específica sobre o tema, a convite de António Costa.
Numa declaração
conjunta, esta segunda-feira, António Costa e Ursula von der Leyen sublinharam
que “os desafios que enfrentamos, alterações climáticas, transformação
digital, migração irregular, conflitos e insegurança não conhecem
fronteiras”, defendendo que África e Europa devem responder ao mundo
multipolar com “cooperação multipolar”. “Juntos, África e Europa podem
liderar o caminho”, afirmaram.
A UE mantém doze
missões civis e militares em África, demonstrando a centralidade do continente
na política de segurança europeia. A cooperação em governação, prevenção do
extremismo e estabilização regional continua a ser essencial, num contexto
marcado por insurgências, golpes de Estado e crescentes pressões geopolíticas.
A Rússia tem reforçado a presença como parceiro de segurança, depois da perda
de influência francesa em várias regiões do Sahel.
A Europa continua a
ser o principal parceiro comercial de África, atingindo, em 2023, 467 mil
milhões de euros. O investimento directo europeu supera os 238 mil milhões. A
concorrência de China, Rússia, Turquia e Estados do Golfo tem aumentado,
oferecendo às nações africanas novas opções e maior poder negocial.
Programas como o
Global Gateway África–Europa, avaliados em 150 mil milhões de euros, procuram
modernizar infra-estruturas, apoiar a industrialização africana e fortalecer
cadeias de valor locais. Parte destes investimentos pretende garantir à UE o
acesso a minerais estratégicos cruciais para a transição verde e para reduzir a
dependência em relação à China em matérias-primas críticas, incluindo terras
raras.
A mobilidade
académica é apresentada como um pilar essencial da parceria renovada: desde
2022, mais de 30.000 estudantes africanos e 18.000 europeus participaram em
programas de intercâmbio apoiados pela UE. No entanto, a migração mantém-se um tema
sensível. Os Chefes de Estado e de governo vão discutir formas de conter a
imigração irregular, reforçar o regresso e a reintegração de migrantes e criar
vias legais de mobilidade, num contexto em que o tema tem influenciado a
política europeia e alimentado discursos de extrema-direita.
Outro ponto central é
o apoio europeu à integração continental, nomeadamente ao comércio
intra-africano, que representa apenas 15% do total, e ao reforço do peso
diplomático de África em fóruns como o Conselho de Segurança da ONU e o Banco
Mundial.ANG/RFI

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