Tunísia/Mais de 2.000 protestaram contra "as injustiças"
Bissau, 23 Nov 25 (ANG) - Mais de 2.000 pessoas, incluindo ativistas, políticos e cidadãos comuns, manifestaram-se hoje em Tunes em defesa das liberdades políticas e por melhores condições económicas, segundo observadores e jornalistas da agência noticiosa France-Presse.
Reunidos "contra as injustiças"
sob a liderança do comité de defesa de Ahmed Souab, respeitado advogado preso
por criticar o sistema judicial, os manifestantes marcharam durante mais de
duas horas pelo centro da capital tunisina.
A manifestação, excecionalmente grande
para os últimos meses, incluiu paragens simbólicas em frente à sede do Grupo
Químico Tunisino, considerado responsável pela grave poluição em Gabès (sul da
Tunísia), e do sindicato dos jornalistas, que recentemente denunciou a
"repressão sem precedentes" dos meios de comunicação social.
"Liberdade,
liberdade", gritaram repetidamente os manifestantes, vestidos de preto,
transportando apitos e usando fitas vermelhas.
Exigiam a
libertação de dezenas de figuras da oposição, jornalistas, advogados e
trabalhadores humanitários presos nos últimos anos sob a acusação de conspiração
contra o Presidente ou com base num decreto-lei sobre "notícias
falsas", cuja interpretação é considerada demasiado ampla pelos defensores
dos direitos humanos.
"O povo quer a
queda do regime", foi outro dos 'slogans' gritados durante o protesto,
este dirigido especificamente a Kais Saied, o Presidente eleito em 2019 e
responsável dois anos depois por um golpe de Estado que lhe conferiu poder
absoluto.
Alguns
transportavam cartazes onde se podia ler "Este não é o meu
presidente".
"Estamos
fartos deste presidente e dos que o rodeiam. O país está na miséria, não se
consegue comprar nada, o país está em colapso, os hospitais estão em péssimas
condições", disse à AFP Nejia Adjmi, uma pasteleira reformada de 63 anos.
"Já nem nos
podemos expressar nas redes sociais", acrescentou, afirmando ser próxima
de Saber Chouchane, que foi condenada à morte e depois perdoada em outubro por
criticar o presidente e a ministra da Justiça, Leila Jaffel, em mensagens no
Facebook.
Diversas
organizações não-governamentais tunisinas e internacionais têm denunciado a
regressão dos direitos e liberdades desde o golpe de Estado de Saied.
Os tunisinos também
viram o seu poder de compra diminuir nos últimos anos devido à elevada inflação
(que voltou a ser de cerca de 5% após atingir um pico de 10% em 2023),
particularmente nos produtos alimentares.ANG/Lusa

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