Eleição do presidente vista como
referendo ao acordo nuclear de 2015
Bissau, 18 Mai 17 (ANG) – O Irão vota na
sexta-feira nas primeiras presidenciais desde o acordo nuclear de 2015, uma
eleição vista como um referendo ao pacto disputada entre o moderado Hassan
Rohani e o conservador Ebrahim Raissi.
No acordo nuclear, concluído entre a administração
Rohani e as potências mundiais do chamado Grupo 5+1, Teerão aceitou reduzir as
actividades nucleares em troca do levantamento das sanções económicas, mas o
esperado alívio económico ainda não se produziu.
Rohani, eleito em 2013 e candidato à reeleição,
conseguiu quebrar o isolamento do país, chegando a reunir-se com o anterior
presidente dos EUA, Barack Obama, embora a eleição de Donald Trump para o
cargo, que na campanha disse que iria “rasgar o acordo nuclear”, tenha
suscitado receios.
Favorito na corrida, Rohani conseguiu congregar o
apoio de destacados reformadores – como Mehdi Karubi, Mir Hossein Mussavi, em
prisão domiciliária desde 2009, e Mohammad Khatami -, ao colocar as liberdades
e as reformas no centro da campanha.
Já o tinha feito em 2013, mas alega “a
intransigência do poder judicial e dos serviços de segurança” para justificar a
continuação das detenções de jornalistas, estudantes e artistas nestes quatro
anos.
Contra ele corre Ebrahim Raissi, um conservador que
analistas consideram ambicionar, mais que a presidência, a sucessão ao guia
supremo, Ali Khamenei, a quem competem todas as grandes decisões.
Khamenei, que sucedeu ao ‘ayatolah’ Khomeini em 1989, está com 77 anos e alguns problemas de saúde.
As presidenciais são disputadas por mais um candidato,
o conservador Mostafa Mirsalim, depois das desistências nos últimos dias dos
reformadores Mostafa Hashemitaba e Es-Hagh Jahanguiri, que apelaram ao voto em
Rohani, e do presidente da câmara de Teerão conservador, Bagher Qhalibaf, que
pediu o voto em Raissi.
O poder no Irão é controlado por vários órgãos e as
grandes decisões tomadas pelo guia supremo, mas o presidente, eleito por
sufrágio universal, tem alguma margem, designadamente na política económica, e
a economia é a principal questão em jogo nesta eleição.
Graças ao acordo nuclear, a retoma das exportações
de petróleo permitiu em 2016 um crescimento de 6,5% e a redução da inflação de
40% para 9,5%. Mas o investimento estrangeiro esperado continua por se
concretizar e a taxa de desemprego atinge os 12,5 por cento globalmente, 27 por
cento entre os jovens.
O acordo nuclear, aprovado pelo guia supremo, não é
questionado por nenhum dos candidatos, mas os conservadores rejeitam a
necessidade de investimento externo, defendendo uma “economia de resistência”
assente no “made in Iran” e nos investimentos nacionais.
A situação das classes populares e o desemprego são
explorados pelos conservadores, que prometem triplicar a ajuda aos mais
desfavorecidos e criar um milhão de empregos por ano.
Cerca de 56 milhões de eleitores estão convocados
para as eleições, 2,5 milhões dos quais votam no estrangeiro.
ANG/Lusa
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