Berlim afirma que as acções de Trump estão a
enfraquecer o Ocidente
Berlim, 30 Mai
17 (ANG) – O chefe da diplomacia alemã, Sigmar Gabriel, afirmou segunda-feira
que as acções do Presidente norte-americano, Donald Trump, estão a enfraquecer
o Ocidente, bem como acusou a política dos Estados Unidos de ser contrária “aos
interesses da União Europeia”.
“Os Estados Unidos
(…) consideram que impor os interesses nacionais é mais importante do que a
ordem internacional”, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros da Alemanha,
numa conferência de imprensa em Berlim.
“A política de
vistas curtas do governo americano é contrária aos interesses da União Europeia
(UE)”, acrescentou o representante alemão, mencionando, entre outros aspectos,
a questão das alterações climáticas e a venda de armamento ao Médio Oriente.
Quando um chefe de
Estado visita um país “onde os direitos humanos são violados e não diz uma
palavra, mas assina um contrato de armamento (…), quando duvida que outros
homens sofrem, mas também morrem, por causas das alterações climáticas, então
afirmo que o Ocidente ficou mais pequeno ou pelo menos ficou enfraquecido”,
prosseguiu Sigmar Gabriel, na mesma conferência de imprensa.
O chefe da
diplomacia alemã falava da visita de Trump (a primeira deslocação ao
estrangeiro enquanto Presidente dos Estados Unidos) à Arábia Saudita, onde
assinou acordos na ordem dos 380 mil milhões de dólares (cerca de 339 mil
milhões d euros), incluindo contratos de armamento avaliados em 110 mil milhões
de dólares (cerca de 98 mil milhões de euros).
“O Ocidente é uma
ideia de valores universais (…) uma ordem internacional em que acreditamos que
essa ordem internacional é mais do que a soma dos interesses nacionais”,
frisou, evocando “o fracasso dos Estados Unidos como uma grande nação”.
“Infelizmente é um
sinal de mudança no equilíbrio de forças no mundo”, disse Sigmar Gabriel,
concluindo que “a Europa ganha um novo papel”.
Estas declarações
do chefe da diplomacia alemã surgem um dia depois da chanceler alemã, Angela
Merkel, ter instado os países da UE a manterem-se unidos e a tomarem as rédeas
do seu destino, uma vez que o tempo em que se podia confiar totalmente nos
aliados terá acabado.
No domingo,
Merkel, que falava num comício em Munique após ter participado nas reuniões da
NATO, em Bruxelas, e do G7 (as sete maiores economias do mundo), em Taormina
(Sicília), defendeu que a UE a 27 deve ser mais unida do que nunca pois já lá
vai o tempo em que se podia confiar totalmente nos aliados.
“O tempo em que
podíamos contar totalmente uns com os outros acabou em certa medida. Verifiquei
isso nos últimos dias. É por isso a única coisa que posso dizer é que nós, os
europeus, temos de tomar as rédeas do nosso destino”, afirmou.
Merkel enfatizou,
por outro lado, a necessidade de se continuar a manter relações de amizade com
os Estados Unidos e com o Reino Unido e também destacou a importância de ser
bom vizinho, “na medida do possível, incluindo com a Rússia, mas também com
outros” países.
A chanceler alemã
falava no rescaldo da cimeira do G7 (Alemanha, França, Itália, Japão, Canadá,
Estados Unidos e Reino Unido), realizada em Taormina, na Itália, na qual os
dirigentes reconheceram a incapacidade para encontrar um terreno de
entendimento com os Estados Unidos sobre o combate às alterações climáticas.
ANG/Inforpress/Lusa
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