ONU defende o fim imediato dos abusos contra migrantes
Bissau, 11 Mai 17 (ANG) - A Agência das Nações
Unidas para os Refugiados (ACNUR) quer mais medidas antes da captura e da
exposição dos que tentam cruzar o mar Mediterrâneo pelo que chama de “abusos
horrendos” de contrabandistas na Líbia e em países de trânsito, disse quarta-feira
o chefe da instituição mundial.
Fillipo Grandi disse que as acções incluem o
redobrar esforços para resolver conflitos, sobretudo em África, e o uso de
recursos de desenvolvimento de uma forma muito mais estratégica.
O apelo da agência da ONU surge depois do anúncio de que mais de seis mil pessoas atravessaram o Mediterrâneo para chegar à Itália desde sexta-feira.
O movimento fez subir o número total de migrantes e refugiados para mais de 43 mil.
Fillipo Grandi diz ser preciso reduzir a pobreza, mitigar os efeitos das mudanças climáticas e apoiar os países que acolhem ou são usados para a passagem de um grande número de refugiados.
O pedido da agência é que haja políticas e acção coordenada dos países europeus e doadores.
Para o chefe da ACNUR, a rota do Mediterrâneo Central, a partir do norte de África, tem provado ser a mais mortífera. Mais de 1.150 pessoas desapareceram ou morreram enquanto tentavam chegar à Europa desde o início do ano.
A ACNUR sublinha que desde que 2017 começou, uma em cada 35 pessoas morreu durante a viagem marítima da Líbia para a Itália. Somente nos últimos quatro dias 75 pessoas perderam a vida.
A agência quer que a prioridade seja salvar as vidas após o recente aumento nas chegadas. O apelo é que haja mais esforços de resgate ao longo do percurso que a ACNUR considera “uma questão de vida ou morte”. A agência elogia os esforços feitos para o salvamento de dezenas de milhares de vidas pela Guarda Costeira italiana, em coordenação com a Frontex, a agência europeia que vigia as fronteiras do continente, e as ONG.
No ano passado mais de 46 mil pessoas foram resgatadas por organizações de sociedade civil no Mediterrâneo Central, o equivalente a 26 por cento das operações, e o número de 2017 devem atingir um terço.
Fillipo Grandi revelou estar “profundamente chocado” com a violência levada a cabo pelos contrabandistas, que inclui o assassinato de jovens que foi recentemente relatado por sobreviventes. Os passageiros a bordo de navios usados pelos traficantes oscilam entre 100 e 150, o que agrava o risco de naufrágios, aliado à fraca qualidade de navios e ao uso crescente de barcos de borracha no lugar de embarcações de madeira.
Os migrantes e candidatos a asilo não podem pedir ajuda e ser localizados. A ACNUR sublinha que esta situação não pode continuar sendo “imperioso combater as causas profundas do movimento de pessoas”. O chefe da agência quer opções credíveis para os que precisam de protecção internacional, incluindo formas seguras para chegar à Europa, de reunir famílias, para a sua transferência e reassentamento.
ANG/JA
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