Covid-19/BAD prevé até 50 milhões de africanos em pobreza
extrema em pandemia
Bissau,08 Jul 20(ANG) - O Banco Africano de D
esenvolvimento (BAD) disse hoje que a pandemia de covid-19 pode atirar quase 50 milhões de africanos para a pobreza extrema e destruir até 30 milhões de empregos, principalmente na África central e ocidental."A pandemia de covid-19 pode atirar
entre 25 até 50 milhões de pessoas para uma situação de pobreza extrema, a
maioria delas na África ocidental e central", disse Hanan Morsy, na
apresentação da actualização das previsões económicas para o continente
africano.
No Suplemento às Perspectivas Económicas
Africanas, hoje apresentado em formato virtual em Abidjan, a directora do
departamento económico desta instituição multilateral apontou ainda que as
estimativas apontam para a perda de 25 a 30 milhões de empregos, principalmente
na economia informal, que representa a maioria da actividade económica no
continente.
No documento que actualiza as previsões
feitas no final de Janeiro, o BAD recomenda aos governos que façam uma gestão
cautelosa do fim das medidas de confinamento e reabertura das economias,
rejeitando a ideia de tolerância zero, segundo a qual só quando não houver
casos activos a economia é reaberta.
"Tem de haver um desconfinamento
gradual, com base nas cadeias de transmissão menos vulneráveis, nomeadamente
nas indústrias, na construção, e depois, com mais segurança, no retalho",
defendeu Hanan Morsy.
Na apresentação, a responsável disse que
a região da África oriental "é mais resiliente graças à diversificação e
menor dependência das matérias primas, crescendo 0,2% no pior cenário".
Pelo contrário, a África Austral, onde
está Angola e Moçambique, é a região mais vulnerável, podendo enfrentar uma
quebra do Produto Interno Bruto (PIB) entre 4,9% e 6,6%, de acordo com o BAD,
que estima ainda uma duplicação dos défices orçamentais para 4% do PIB e uma
subida de 10 pontos percentuais na dívida pública, para uma média acima de 70%
este ano que quase chega a 75% em 2021.
O BAD piorou as previsões de crescimento
para o continente, antecipando agora uma recessão de até 3,4% este ano, considerando
que a pandemia de covid-19 "é um evento tipo cisne negro, que acontece uma
vez por século e é imprevisível".
No Suplemento às Perspectivas Económicas
Africanas, o banco estima agora uma recessão de 1,7% até 3,4%, dependendo do
cenário médio ou mais gravoso, e uma recuperação de entre 2,4% a 3% no próximo
ano.
"Os países dependentes da
exportação de matérias primas e do turismo serão os mais afectados", com
quebras no PIB de 2 a 4% no caso dos exportadores e de mais de 10% para os
países dependentes do turismo para equilibrar as finanças públicas.
Em África, há 11.622 mortos confirmados em quase 492 mil infectados em 54 países, segundo as estatísticas mais recentes sobre a pandemia no continente. ANG/Angop
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