terça-feira, 23 de março de 2021

               
               Congo Brazzaville
/Morte do líder da oposição Parfait Kolélas

Bissau, 23 Mar 21 (ANG) - O principal líder da oposição congolesa, Guy-Brice Parfait Kolétas faleceu na madrugada de 22 março, vítima da Covid-19, a bordo do avião que o evacuava para tratamento em França.

Kolélas era um dos seis candidatos pela "mudança" e o fim da era do Presidente cessante Denis Sassou-Nguesso, 77 anos e há 36 anos quase ininterruptamente no poder, mas que tudo indica será reconduzido até 2025.

morte de Guy-Brice Parfait Kolélas de 61 anos de idade, economista, principal lider da oposiçao e um dos seis candidatos que se opunham à recondução do presidente cessante Denis Sassou Nguesso nas eleições de 21 de março, na República do Congo, é mais um trunfo para a vitória do Presidente cessante, de 77 anos e há quase 36 ininterruptamente no poder. 

Parfait Kolélas testou positivo na sexta-feira, 19 de março, à Covid-19 e faleceu já em França na madrugada desta segunda-feira, 22 de março, pouco depois de ter sido evacuado de Brazzaville no domingo, dia da eleição presidencial.

O Ministério Pùblico de Bobigny, no nordeste de Paris, onde foi confirmada a morte de Parfait Kolélas, informou à agência de imprensa francesa AFP que abriu uma investigação no departamento criminal sobre a sua morte, cujo corpo não ainda repatriado

Ontem, poucas horas antes do início da votação, Kolélas divulgou um vídeo em que, deitado numa cama, afirmou que lutava "contra a morte" : "Meus queridos compatriotas, luto contra a morte, mas peço que se levantem. Votem pela mudança. Assim não terei lutado por nada.Levantem-se como um só homem. Ajudem-me. Luto no meu leito de morte. Vocês também, lutem pela sua mudança. O futuro dos vossos filhos está em jogo", afirmou, debilitado

Quando a sua morte foi anunciada, o clima era tranquilo em Brazzaville.

Os resultados das eleições devem ser anunciados durante a semana e as primeiras projecções ainda nesta segunda-feira, 22 de março, mas é quase impossível que Denis Sassou Nguesso não seja reeleito.

Nos bairros do sul, reduto eleitoral de Parfait Kolélas, a situação também era calma ontem, apesar do relato da agressão contra um correspondente congolês do canal TV5 Monde na sede do partido do candidato falecido.

Opositor histórico, Parfait Kolélas parecia este ano o único rival de peso contra o presidente Sasssou Nguesso, 77 anos, que acumula quase ininterruptamente 36 anos de poder e que desejou uma "pronta recuperação" ao seu rival depois de votar no domingo.

A eleição decorreu com a rede internet cortada, mas sem grandes incidentes, apesar de a oposição ter denunciado "problemas de organização" e e um "escrutínio caótico e catastrófico", com forte presença das forças de segurança e sem observadores eleitorais independentes, nem sequer da Igreja Católica local, que desde fevereiro questiona a transparência das eleições.

Sassou Nguesso chegou ao poder em 1979, mas foi derrotado por Pascal Lissouba nas primeiras eleições multipartidárias em 1992, mas este raro exemplo de alternância pacífica na África Central terminou em 1997, com o regresso ao poder de Sassou Nguesso, depois de uma guerra civil contra as forças de Pascal Lissouba.

Em 2015, Sassou Nguesso alterou a Constituição que limitava a dois o número de mandatos presidenciais, bem como a idade dos candidatos e em 2016, a reeleição de Denis Sassou Nguesso, com Parfait Kolélas em segundo lugar provocou uma larga frente de contestação e de denúnicas de fraude, que desembocou numa violenta rebelião na região de Pool, reduto da oposição no sul do país, que provocou 140.000 deslocados. ANG/RFI

 

 

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