Cambera/Austrália e China cimentam relações depois de anos de tensões
Bissau, 20 Mar 24 (ANG) - Os chefes da diplomacia da Austrália e da China reforçaram hoje as relações bilaterais, apesar de anos de tensão e divergências sobre a região do Indo-Pacífico, comércio e direitos humanos.
“Através dos esforços de
ambas as partes, a China e a Austrália quebraram o gelo e estão a navegar
juntas novamente, e os intercâmbios e a cooperação em muitos domínios foram
gradualmente restaurados", disse o ministro dos Negócios Estrangeiros
chinês, Wang Yi, em comunicado.
Wang, o primeiro
responsável da diplomacia chinesa a visitar o território australiano desde
2017, participou no sétimo Diálogo Estratégico Austrália -China, em Camberra,
no âmbito das medidas de normalização das relações bilaterais.
Enquadradas num contexto
de competição na região do Indo-Pacífico entre Beijing e Washington, parceiro
do país oceânico.
"Cada vez que nos
encontramos, a confiança mútua é reforçada e as relações China-Austrália
avançam. A comunicação estratégica é positiva e um passo em frente para
dissipar dúvidas e construir confiança", considerou Wang.
No final do encontro, a
ministra dos Negócios Estrangeiros australiana, Penny Wong, disse que as
conversações se centraram nos australianos detidos na China, nos direitos
humanos na região chinesa de Xinjiang, no Tibete e em Hong Kong, na segurança
marítima e regional, na invasão da Ucrânia pela Rússia e no Médio Oriente.
Penny Wong sublinhou a
importância de respeitar o direito internacional no mar do Sul da China, uma
zona rica em recursos e fundamental para o comércio internacional, palco de
disputas territoriais entre Beijing e os países da região.
"Manifestei a nossa
grande preocupação com a conduta insegura no mar, o nosso desejo de paz e
estabilidade no estreito de Taiwan e na nossa região", disse Wong, numa
conferência de imprensa, no final do encontro com Wang.
O responsável chinês sublinhou
que a Austrália e a China "não têm disputas ou conflitos históricos"
e os "interesses comuns ultrapassam de longe as diferenças", instando
ambas as partes a respeitarem a "soberania nacional e a integridade
territorial" uma da outra.
Neste contexto, Wong
afirmou que Camberra procura "uma relação estável, produtiva e madura com
a China".
Os dois países estão a
preparar uma visita à Austrália do primeiro-ministro chinês, Li Qiang, em data
a divulgar.
A responsável
australiana destacou ainda os passos dados pela China, o principal parceiro
comercial, no levantamento das tarifas sobre vários produtos australianos
impostas por Beijing em 2020, na sequência de um pedido feito pelo anterior
Governo do conservador Scott Morrison de uma investigação internacional sobre a
origem da covid-19.
Beijing tem vindo a
levantar as restrições comerciais a uma série de produtos e as relações
bilaterais têm progredido desde que o primeiro-ministro australiano, Anthony
Albanese, no poder desde Maio de 2022, visitou a China em Novembro.
"A previsibilidade
nos negócios e no comércio é do interesse de todos", observou Wong,
esperando a resolução de "questões pendentes", como o levantamento
das tarifas sobre o vinho e a lagosta australianos.
Mas uma das questões
prementes para a Austrália que ficou sem resposta é a situação do escritor
australiano nascido na China, Yang Hengjun, condenado à morte por um tribunal
chinês, com pena suspensa, por espionagem, no mês passado.
"Não abandonaremos
a defesa de Yang Hengjun", prometeu Wong.
A deslocação de Wang
começou domingo na Nova Zelândia e termina na quinta-feira na Austrália. ANG/Angop
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