Nova Iorque/Pessoal da ONU na República
Centro-Africana e RDCongo repatriado por abuso sexual
Bissau, 27 Mar 24 (ANG) – A ONU anunciou terça-feira
ter recebido 758 denúncias de abuso e exploração sexual em 2023, mais de metade
das quais (384) relacionadas com funcionários da organização e pessoal
afiliado, nomeadamente na República Centro-Africana e na República Democrática
do Congo.
Em
comunicado, a Organização das Nações Unidas (ONU) afirma que 60 elementos das
forças de manutenção da paz mandatadas pela organização foram repatriados
devido a “evidências credíveis de abuso e exploração sexual" na República
Centro-Africana, medida aplicada igualmente a nove membros e a um oficial
militar superior da Missão das Nações Unidas na República Democrática do Congo
(MONUSCO), “por má conduta grave”.
Num
vídeo emitido após a divulgação do relatório, o secretário-geral da ONU,
António Guterres, realçou que os autores desta forma de violência “abusam do
poder, prejudicam e traumatizam as vítimas e destroem a confiança dada à
organização por comunidades servidas por ela”.
Cabe
a todos os funcionários “eliminar a exploração e o abuso sexual do local do
trabalho, apoiar as vítimas e responsabilizar os autores e seus facilitadores”,
acrescentou, apelando à "tolerância zero" por parte dos líderes.
Guterres
pediu aos países-membros que analisem e treinem as tropas e agentes policiais
“de forma adequada”, respondendo de forma urgente e determinada a quaisquer
alegações e resolvendo rapidamente todas as reivindicações de vítimas.
O
Escritório de Serviços de Supervisão Interna da ONU deu início a 130
investigações sobre queixas de abuso e exploração sexual, sendo que em 30 casos
a averiguação é feita com representantes de países com tropas e forças de
polícia nas fileiras da ONU.
O
documento exigiu a criação de um mecanismo de supervisão para prevenir a
prática, além de fornecer mecanismos de reclamação seguros e acessíveis, e
investigações realizadas em tempo útil, com o objetivo de “responsabilizar os
autores e repatriar unidades quando houver provas credíveis de exploração
sexual.”
A
estratégia do secretário-geral das Nações Unidas para combater e dar resposta
ao abuso e exploração e abuso sexual prevê uma prevenção proativa e apoio aos
direitos e à dignidade das vítimas, com medidas que propõem a inclusão de
"novas ferramentas, melhoramento da formação, sensibilização e seleção de
funcionários".
A ONU
destacou que pretende evitar a contratação de antigos “infratores”, além de
intensificar o envolvimento da organização com comunidades locais para reforçar
as avaliações de risco e as medidas de mitigação. ANG/Lusa
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