Médio Oriente/Ásia é destino de 84% do petróleo que passa pelo Estreito de Ormuz
Bissau, 23 Jun 25 (ANG) - Cerca de 84% do petróleo que atravessa o Estreito de Ormuz destina-se à Ásia, incluindo China, Índia, Coreia do Sul e Japão, economias muito vulneráveis a restrições ao tráfego marítimo em caso de escalada do conflito no Médio Oriente.
Cerca de 84% do petróleo
que atravessa o Estreito de Ormuz destina-se à Ásia, incluindo China, Índia,
Coreia do Sul e Japão, economias muito vulneráveis a restrições ao tráfego
marítimo em caso de escalada do conflito no Médio Oriente.
Cerca de 14,2 milhões de barris por dia de petróleo bruto e 5,9
milhões de barris por dia de outros produtos petrolíferos, ou seja, cerca de
20% da produção mundial, passaram pelo corredor estratégico do Estreito de
Ormuz, ao largo do Irão, no primeiro trimestre, segundo a Agência de Informação
sobre Energia dos Estados Unidos (EIA).
É a rota praticamente única de exportação do crude da Arábia
Saudita, dos Emirados Árabes Unidos, do Iraque, do Kuwait, do Qatar e do Irão.
Eis os principais países asiáticos a que se destina este
petróleo:
Os peritos estimam que mais de metade do petróleo importado pela
Ásia Oriental passa pelo Estreito.
É o caso da China: segundo a EIA, no primeiro trimestre importou
5,4 milhões de barris por dia de petróleo bruto através de Ormuz.
A Arábia Saudita foi o seu segundo maior fornecedor de 'ouro
negro' no ano passado, com 1,6 milhões de barris por dia, ou seja, 15% do total
das suas importações, segundo a EIA.
O próprio Irão tornou-se uma fonte importante de
hidrocarbonetos: em abril, exportou 1,3 milhões de barris por dia para a China.
A maior parte é comprada por pequenas refinarias chinesas
(conhecidas como "teapots") que operam independentemente das
companhias petrolíferas estatais - uma forma de evitar as sanções dos EUA.
A China absorve mais de 90% das exportações de petróleo do Irão.
A Índia importou 2,1 milhões de barris por dia de crude através
do Estreito no primeiro trimestre, segundo a EIA.
A Índia está fortemente dependente do Estreito, com o Médio
Oriente a fornecer cerca de 53% das suas importações de petróleo no início de
2025, de acordo com a imprensa financeira local, nomeadamente do Iraque e da
Arábia Saudita.
Isto é suficiente para deixar Nova Deli nervosa face à escalada
das tensões, apesar de o país ter aumentado as suas compras de hidrocarbonetos
russos nos últimos três anos.
"Tomaremos todas as medidas necessárias para assegurar um
abastecimento estável de combustível aos nossos cidadãos", insistiu o
ministro do Petróleo indiano, Hardeep Singh Puri, na X.
"Diversificámos os nossos fornecimentos nos últimos anos
(...) Os nossos distribuidores dispõem de reservas para várias semanas e
continuam a ser abastecidos através de vários canais", declarou, sem dar
mais pormenores.
De acordo com os dados da indústria petrolífera do país, cerca
de 68% das importações de petróleo bruto da Coreia do Sul passam pelo Estreito
de Ormuz -- um volume de 1,7 milhões de barris por dia, segundo a EIA.
O país é particularmente dependente da Arábia Saudita, que no
ano passado foi responsável por um terço das suas importações de petróleo,
tornando-se o principal fornecedor do país.
"Até à data, não se registaram perturbações nas importações
de petróleo bruto e de GNL (gás natural liquefeito) da Coreia do Sul, mas
poderá surgir uma crise de abastecimento em função da evolução da
situação", reconhece o ministério da Energia sul-coreano em comunicado.
"O Governo e os intervenientes da indústria prepararam-se
para situações de emergência, mantendo uma reserva estratégica de petróleo
equivalente a cerca de 200 dias de abastecimento e reservas suficientes de
GNL", insistiu.
O Japão importa 1,6 milhões de barris por dia de petróleo bruto
através do Estreito de Ormuz, segundo a EIA.
E, segundo os dados aduaneiros japoneses, 95% do petróleo bruto
importado pelo arquipélago no ano passado veio do Médio Oriente.
As empresas de transporte de energia do país começaram a
adaptar-se: "Estamos atualmente a tomar medidas para reduzir ao máximo o
tempo de permanência dos nossos navios no Golfo", declarou à AFP a Mitsui
OSK.
O resto da Ásia (dois milhões de barris por dia), nomeadamente a
Tailândia e as Filipinas, mas também a Europa (0,5 milhões) e os Estados Unidos
(0,4 milhões) foram outros destinos do petróleo bruto que passou pelo Estreito
de Ormuz no primeiro trimestre.
Os países asiáticos poderiam tentar diversificar as suas fontes
de abastecimento -- nomeadamente reforçando as suas compras de hidrocarbonetos
americanos -- mas seria impossível substituir os grandes volumes provenientes
do Médio Oriente.
A curto prazo, "as elevadas reservas mundiais de petróleo,
a capacidade de reserva da OPEP [Organização de Países Exportadores de
Petróleo] e a produção de gás de xisto nos Estados Unidos poderão proporcionar
uma certa proteção", consideram especialistas do MUFG citados pela Afp.
A Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos dispõem de
infraestruturas que lhes permitem contornar o Estreito de Ormuz, o que poderia
atenuar um pouco qualquer perturbação, mas a sua capacidade de trânsito,
estimada pela EIA em cerca de 2,6 milhões de barris por dia, continua a ser
muito limitada.
E o oleoduto Goreh-Jask, criado pelo Irão para exportar através
do Golfo de Omã, que está inativo desde o ano passado, só tem uma capacidade
máxima de 300.000 barris por dia, também segundo a EIA.ANG/Lusa

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