França/Ataques a prisões ligados ao narcotráfico. Há 21 suspeitos
Bissau, 02 mai 25 (ANG) - As autoridades francesas
confirmaram hoje que traficantes de droga são suspeitos de estar por trás de
ataques recentes a prisões, no dia em que 21 suspeitos apresentados hoje aos
juízes de instrução de criminalidade organizada em Paris.
Os suspeitos, incluindo dois menores e sete pessoas já detidas, foram objeto de um pedido de prisão preventiva, de acordo com um comunicado conjunto da Procuradoria Nacional Antiterrorista (Pnat) e do Tribunal Nacional de Luta contra a Criminalidade Organizada (Junalco), único responsável pela investigação.
Entre os suspeitos encontra-se "a pessoa que provavelmente
será o criador da primeira conta de Telegram intitulada 'DDPF' (sigla para
Defesa dos Presos Franceses) e o autor do texto difundido nesse canal,
criticando as condições prisionais", sublinharam.
Já detido e condenado por delitos comuns, deverá ser julgado em
breve por delitos ligados ao tráfico de droga, próximo da máfia DZ, em Marselha
(sul), a segunda maior cidade de França.
O grupo até então desconhecido tinha publicado vídeos e
ameaças num canal no Telegram, plataforma de mensagens
encriptadas, que depois eliminou.
As investigações "revelaram um 'modus operandi' semelhante,
utilizado de forma repetida: a partir de uma ordem de ação dada pelo instigador
no Telegram, foram difundidas e transmitidas ofertas de ação nas redes
sociais, recrutados operacionais, mediante uma remuneração
significativa", refere o comunicado.
"Este modo de operação corresponde ao que é agora
habitualmente empregue pelas organizações criminosas para que sejam realizadas
missões em seu nome", acrescentaram.
Um total de 30 pessoas, incluindo quatro menores, foram detidas
entre segunda e quarta-feira numa grande operação em toda a França. Sete
pessoas foram libertadas da custódia da polícia sem serem processadas nesta
fase.
A investigação judicial aberta pela Junalco, por
conspiração criminosa para a preparação de crimes e delitos e tentativa de
homicídio em grupo organizado, diz respeito a cerca de quinze ações levadas a
cabo contra prisões e funcionários prisionais a partir de 13 de abril.
Nesse dia, em Agen (sudoeste), a sigla "DDPF" apareceu
pela primeira vez ao lado de sete carros incendiados no parque de
estacionamento da Escola Nacional de Administração Penitenciária (Enap).
Seguiram-se uma série de incêndios em carros de funcionários
prisionais em toda o país, ataques com morteiros de fogo-de-artifício a prisões
e até disparos de Kalashnikov como em Toulon (sudeste).
A investigação está também a analisar os disparos e o lançamento
de dois cocktails Molotov, em 21 de abril, num bairro residencial em Villefontaine,
perto de Lyon (leste), onde residem funcionários prisionais, perto da
prisão de Saint-Quentin-Fallavier.
Em 15 de abril, a Pnat assumiu a investigação devido "à
natureza destes atos, aos alvos escolhidos e à natureza concertada de uma ação
cometida em múltiplos pontos do território, bem como ao objetivo que perseguem
de perturbar gravemente a ordem pública através da intimidação, tal como
reivindicado nas redes sociais por um grupo denominado DDPF".
No entanto, no final da rusga, "não parece que estas ações
coordenadas sejam o resultado de um empreendimento terrorista, cujo objeto
teria sido a prática de infrações com o único objetivo de perturbar gravemente
a ordem pública através da intimidação ou do terror", explicaram a Pnat e
a Junalco.
"Não foi possível identificar qualquer ideologia radical
violenta ou ingerência estrangeira, pistas que foram objeto de uma análise
aprofundada", afirmaram em comunicado, referindo que, no entanto, "as
investigações permitiram enquadrar firmemente estas ações no âmbito da
criminalidade organizada grave".
Para o Ministro francês da Justiça, Gérald Darmanin, estes
ataques estão "claramente ligados ao tráfico de droga" desde o
início. ANG/Lusa
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