Angola/Deputados da UNITA em noite de vigília "exigem" liberdade de imprensa
Bissau,
09 Mai 25 (ANG) - Dezenas de deputados, militantes e simpatizantes da UNITA
(oposição) concentraram-se esta noite em vigília, frente às instalações da
rádio pública angolana em Luanda, "exigindo" liberdade de imprensa e
transparência eleitoral, e lamentaram tentativas de impedimentos da polícia.
A vigília
"pela liberdade de imprensa e transparência eleitoral" foi uma
iniciativa do grupo parlamentar da União Nacional para a Independência Total de
Angola (UNITA, maior partido na oposição) no âmbito das celebrações do 08 de Maio,
Dia do Deputado da UNITA.
Trajados de camisolas brancas, velas acesas
nas mãos e com cartazes com dizeres "defendemos a liberdade de
imprensa", "todos têm direito à tratamento igual", "voto
sim, com cartão de eleitor" e "exigimos dignidade para os jornalistas"
os deputados deploraram o estado atual das liberdades no país.
Com cânticos e palavras de ordem, a vigília
teve início as 19:00 locais frente à Rádio Nacional de Angola (RNA) e deve
decorrer até à meia-noite, uma atividade que conta com a vigilância de um forte
cordão policial que, segundo os deputados, tentaram impedir a sua realização.
O deputado da UNITA, Olívio Kilumbo, recordou
que a atividade visa homenagear o patrono dos deputados do seu partido, Raul
Danda (falecido a 08 de maio de 2021 e que também foi locutor da RNA), "um
acérrimo defensor" das liberdades de expressão e de imprensa.
"Decidimos protestar contra a agressão à
liberdade de imprensa em Angola, feita pelo regime do MPLA (partido no poder),
e hoje estamos aqui a apresentar o nosso protesto contra a censura, a liberdade
de imprensa e agressão constante à Constituição", disse o deputado à Lusa.
A vigília frente às instalações da RNA visa
alertar que este órgão estatal "tem sido capturado e utilizado pelo regime
contra a democracia e contra o avanço de Angola do ponto de vista
democrático", frisou o parlamentar.
À Lusa, o deputado da UNITA, Adriano
Sapinãla, disse que a vigília "pacífica e silenciosa" decorre nos
marcos da lei, referindo que inicialmente as autoridades administrativas e a
polícia nacional tentaram transferir o protesto para o Largo das Escolas
"por interpretação errada da lei".
Sapinãla, também secretário provincial da
UNITA, em Luanda, falou sobre os propósitos da vigília desta noite, referindo
que existem "desvios à liberdade de imprensa, violações flagrantes à
Constituição e às leis eleitorais" (em discussão no parlamento).
A figura e o papel de Raul Danda, patrono dos
deputados da UNITA, eram assinalados em cânticos no decurso da vigília, um
percurso que foi destacado pela deputada Mihaela Webba considerando que este
foi um "exímio jornalista e deputado ".
Considerou, por outro lado, que a atividade
visa igualmente manifestar repúdio à atuação dos órgãos de comunicação social
públicos, no que diz respeito às liberdades de expressão, de imprensa e ao
tratamento desigual dos partidos políticos.
Já a deputada Albertina Ngolo deu conta que
em outras províncias angolanas os deputados da UNITA também replicaram a
vigília de Luanda, em homenagem a Raul Danda "combatente da linha da
frente" pela liberdade de expressão, liberdade de imprensa
"E, também, por um processo
eleitoral livre e justo", referiu a deputada.
À vigília, também se juntou o presidente da
UNITA, Adalberto Costa Júnior, para quem Angola vive "tempos de
retrocesso" dos valores cívicos, dos valores políticos e dos valores
adquiridos ao longo do processo de paz.
"O que é comum é o evoluir do tempo
trazer consolidação de conquistas de um âmbito democráticos e o que nós estamos
a constatar é que há perda muito danosa dos valores essenciais, das liberdades
e da pluralidade", disse.
Costa Júnior manifestou-se ainda preocupado com as propostas do Governo angolano sobre revisão do pacote legislativo eleitoral considerando que o órgão legislativo tem votado "contra a Constituição". ANG/Lusa

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