Transição/ Chade mergulhado na
incerteza
Bissau, 22 Abr
21 (ANG) - Um dia depois de ser anunciada a morte do Presidente Idriss Déby
que, segundo o exército chadiano, sucumbiu a ferimentos após ser baleado quando
estava a combater contra rebeldes no norte do país no passado fim-de-semana, o
Chade continua mergulhado na incerteza.
Após 30 anos com Idriss Déby no poder, os
chadianos vêem agora o seu destino nas mãos de Mahamat Déby, filho do falecido
Presidente, que aos 37 anos assume desde terça-feira a liderança interina do
poder sustentado por um Conselho Militar de Transição formado por 15 generais
durante os próximos 18 meses.
Apesar de se constatar um aparente
regresso a uma actividade normal em vários pontos do país, nomeadamente com a
reabertura das fronteiras, e apesar também do novo homem forte do Chade,
Mahamat Déby, declarar ainda terça-feira que o exército pretende entregar o
poder a um governo civil e organizar eleições livres e democráticas dentro de
um ano e meio, o tom é ofensivo entre os adversários do poder instalado.
Os rebeldes da Frente para a Alternância e
a Concórdia no Chade (FACT) que conduzem há uma dezena de dias uma ofensiva a
partir da Líbia contra o regime de N'Djamena, rejeitaram firmemente o Conselho
Militar e prometeram continuar a sua operação depois das exéquias de Idriss
Déby, na sexta-feira.
Quanto aos principais partidos de
oposição, eles denunciaram o que
qualificaram de "golpe de Estado institucional" e
apelaram à "instauração de uma transição dirigida por civis".
A nível internacional, predomina a
expectativa. Em comunicado, o chefe da diplomacia europeia Josep Borrell avisou
que "a
transição anunciada deve der limitada, desenrolar-se de forma pacífica, no
respeito dos Direitos Humanos e das liberdades fundamentais e deve permitir a
organização de novas eleições inclusivas".
A França que confirmou a presença do seu Presidente no
funeral de Idriss Déby dentro de dois dias, também opta pela prudência. Depois
de o Eliseu lamentar a perda de um "amigo
corajoso", o chefe da diplomacia francesa, Jean-Yves
le Drian, apelou a uma transição militar com "duração limitada" e
que esta última resulte na instalação de "um governo civil e inclusivo".
Noutro aspecto, o governo francês também
expressou a sua preocupação ao perder aquele que era considerado um dos seus
principais apoios no combate ao jihadismo no Sahel. Em declarações públicas, a
Ministra francesa da Defesa, Florence Parly, considerou que "A França
perde um aliado essencial na luta contra o terrorismo no Sahel. O presidente
Déby tinha, nomeadamente, tomado a decisão de mobilizar o batalhão chadiano,
uma unidade de 1 200 homens, na zona das 3 fronteiras. Não duvido que possamos
prosseguir este processo que tinha sido iniciado com coragem de há vários anos
a esta parte."
Por seu turno, em comunicado, a Human Rights Watch considerou que "as consequências potencialmente explosivas da morte do Presidente Déby não podem ser subestimadas, tanto para o futuro do Chade como de toda a região", a ONG de defesa dos Direitos Humanos não deixando de lamentar que "os ocidentais tenham fechado os olhos durante anos perante os atropelos à liberdades fundamentais no Chade em nome da luta contra o terrorismo".ANG/RFI
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