Portugal/”CPLP não existe se não
conseguir responder aos problemas das pessoas”, diz PR português
Bissau, 16 Abr 21(ANG) –
O Presidente da República português, Marcelo Rebelo de Sousa, disse quinta-feira
que a comunidade lusófona (CPLP) tem “mais a dar do que já deu”, considerando
que se, no futuro, não conseguir responder aos problemas das pessoas, não
existe.
“O que as pessoas querem
é uma Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) para as pessoas porque,
se não responder aos problemas das pessoas, não existe”, disse Marcelo Rebelo
de Sousa.
“Pode existir para os
contactos internacionais e para apoiar candidaturas internacionais – e aí
funciona muito bem – mas tem é de intervir nos problemas concretos das
pessoas”, acrescentou.
O chefe de Estado
português falava hoje durante um seminário internacional, organizado anualmente
pela RDP África, que este ano assinala os 25 anos da emissora e da própria
CPLP, e num debate com o chefe de Estado cabo-verdiano e presidente em
exercício da comunidade lusófona, Jorge Carlos Fonseca.
Os dois chefes de Estado
concordaram na necessidade de “virar cada vez mais” a CPLP para as questões
práticas da vida das populações, como os vistos, considerando que a falta de
respostas nestas áreas “é um travão” à visão sobre a comunidade.
O Presidente português
apontou, neste contexto, os “três problemas fundamentais” no actual contexto
CPLP: mobilidade, resposta sanitária e abordagem aos efeitos económicos e
sociais da pandemia.
Marcelo Rebelo de Sousa
considerou que, de uma maneira geral, toda a comunidade internacional falhou na
resposta à pandemia, adiantando que entre os países lusófonos os passos dados,
nomeadamente na disponibilização de vacinas, têm sido sobretudo bilaterais e
pouco no âmbito da CPLP.
“No futuro, temos de
olhar para isso como temos de olhar para as consequências económicas e sociais
desta pandemia”, disse.
Reconhecendo que há uma
parte que só cada país e cada economia pode resolver, Marcelo Rebelo de Sousa
defendeu que, “no mínimo” o diálogo, a conjugação de esforços e a procura de
soluções devem ser “levados mais longe”, quer a nível bilateral, quer no quadro
do bloco lusófono.
Considerou, por outro
lado, que a comunidade tem “funcionado menos bem no acompanhamento de situações
específicas de Estados”, considerando “importante, quando há uma crise mais
acentuada, saber como intervir”.
“A CPLP não se pode
eximir a estar atenta e operacional em relação ao que se passa, quanto mais não
seja por solidariedade relativamente a um dos seus membros, mas sentimos também
que a soberania depois leva a que cada qual defina os termos da sua da sua
própria jurisdição e do seu exercício”, disse, numa alusão às críticas recorrentes
à inacção da comunidade em crises como a de Cabo Delgado, em Moçambique.
Por outro lado, Marcelo
Rebelo de Sousa reconheceu que, muitas vezes, a intervenção da CPLP existe do
ponto de vista diplomático e dos contactos bilaterais, mas não é conhecida ou
“não pode ser visível”.
Durante o debate, os
dois chefes de Estado manifestaram-se “ansiosos” e “optimistas” com a
possibilidade de, durante a próxima cimeira de chefes de Estado da organização,
prevista para Julho, em Luanda, ser assinada a Convenção sobre Mobilidade na
CPLP, considerando que representará uma “viragem” e será “a base” de uma
“verdadeira comunidade” de pessoas.
Marcelo Rebelo de Sousa
elogiou o papel da presidência cabo-verdiana da CPLP no acordo sob mobilidade
alcançado entre os nove países, considerando que é “o empurrão decisivo” para
uma futura comunidade mais próxima das populações.
“O desafio dos próximos
anos é esse: ou as pessoas são o centro da CPLP ou a CPLP cumpre algumas
missões políticas e diplomáticas e outras, mas passa largamente à margem das
pessoas”, disse.
Integram a CPLP Angola,
Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São
Tomé e Príncipe e Timor-Leste.ANG/Inforpress/Lusa
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