ONU / Guterres ataca nacionalismo das vacinas e fala na “maior prova moral de sempre”
Bissau, 22 Abr 21 (ANG) – O secretário-geral das Nações Unidas atacou quarta-feira o nacionalismo em torno das vacinas anticovid-19, advertindo que o mundo está perante “a maior prova moral de sempre”, num discurso em que apelou ao reforço financeiro do mecanismo Covax.
Estas advertências foram
transmitidas por António Guterres num discurso por videoconferência que fez
para a sessão de abertura da reunião plenária da XXVII Cimeira Ibero-Americana,
em Andorra, dedicada aos temas do desenvolvimento sustentável e do combate à
pandemia da covid-19.
No seu discurso, parte
em espanhol e parte em português, o antigo primeiro-ministro de Portugal
considerou que esta cimeira “deve constituir um momento de esperança perante os
enormes desafios que se colocam ao mundo” e uma reafirmação do multilateralismo
e da concertação política presentes desde a fundação há 30 anos desta
organização.
“A pandemia da covid-19
é a crise mais grave que enfrenta o mundo desde a II Guerra Mundial. Os seus
impactos têm sido devastadores no mundo e, em particular, nos países da
comunidade ibero-americana. A América Latina concentra 25% faz mortes globais
por covid-19 e em 2020 sofreu uma contracção económica de 7,4% do Produto
Interno Bruto (PIB)”, apontou.
Para António Guterres,
os países da América Latina “correm o risco de retroceder nos avanços alcançados
em décadas de recentes”, com os impactos da crise a serem especialmente
penalizadores para as mulheres, crianças e outros segmentos mais vulneráveis da
população.
“O lançamento de vacinas
gerou esperança, deram-se passos importantes na criação do mecanismo Covax e
uma lista crescente de países está a receber as vacinas através deste
mecanismo. Mas preocupa-me profundamente que muitos países com baixo poder
económico não tenham ainda recebido uma só dose, enquanto os mais ricos estão a
caminho de vacinar toda a sua população”, declarou o antigo líder do executivo
português.
O secretário-geral das
Nações Unidas avisou então que, “se esta perigosa tendência de nacionalismo de
vacinas e de acordos paralelos continuar, a vacinação nos países em desenvolvimento
poderá levar anos”.
“Vai atrasar a
recuperação mundial. A campanha mundial de vacinação [contra a covid-19] é a
maior prova moral do nosso tempo”, sustentou António Guterres.
O antigo
primeiro-ministro de Portugal lançou depois um apelo ao aumento do
financiamento do mecanismo Covax e defendeu que “o mundo deve unir-se para
produzir e distribuir suficientes vacinas para todos, o que significa pelo
menos duplicar a capacidade de fabricação em todo o mundo”.
“A recuperação abre a
possibilidade mais ampla de se mudar de rumo e de se construir um futuro
melhor. Por isso, saúdo que esta cimeira esteja centrada na recuperação
pós-covid-19 e na inovação para o desenvolvimento sustentável”, disse. ANG/Inforpress/Lusa
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