Covid-19/Países africanos devem utilizar “o mais cedo
possível” vacinas que recebem– África CDC
Bissau, 23 Abr 21 (ANG) – Os países africanos devem utilizar vacinas que recebem “o mais cedo possível”, antes do prazo expirar, insistiu quinta-feira o director do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças da União Africana (África CDC), John Nkengasong.
“Os países devem fazer
todo o possível para utilizar rapidamente as vacinas disponíveis, cada vez que
vacinam estão a reduzir o risco de morte da pessoa vacinada e a propagação do
vírus”, sublinhou Nkengasong, em declarações na conferência de imprensa semanal
da organização, a partir da sede da agência sanitária da União Africana (UA),
em Adis Abeba, Etiópia.
Até 19 de Abril, África
adquiriu 36,2 milhões de doses de vacinas, das quais administrou 15 milhões,
números que deixam os 55 Estados-membros da UA “ainda longe” do objetivo fixado
pela organização pan-africana de vacinar 30% de uma população estimada em 1,3
mil milhões de habitantes até ao final de 2021.
África espera conseguir
vacinar 60% da sua população até ao final de 2022, por forma a alcançar a
imunidade de grupo, mas este objectivo está a ser fortemente ameaçado pela
suspensão das exportações da vacina da AztraZeneca pelo instituto indiano,
Serum, reafirmada esta semana.
A Índia, com 1,35 mil
milhões de habitantes, está a enfrentar a segunda onda da pandemia, tendo
ultrapassado esta semana 15 milhões de infecções pelo novo coronavírus e as 180
mil mortes associadas à covid-19 desde o início da pandemia.
A Índia tem vindo a
registar sucessivos novos máximos diários de infeções e mortes nos últimos
dias, razão que levou o Governo indiano a interditar a exportação de vacinas
pelo Serum Institute, maior fabricante mundial de imunizantes, para se
concentrar nos esforços internos de vacinação.
Nkengasong lamentou a
decisão anunciada por Nova Deli na segunda-feira de estender a proibição de
exportações da vacina anglo-sueca, que começou por ser fixada apenas até ao
final de Março, e sugeriu que a Covax – iniciativa liderada pela Organizaçao
Mundial de Saúde (OMS), Gavi e CEPI e destinado à distribuição de vacinas aos
países de baixos rendimentos -, está a procurar fabricantes alternativos para a
produção da AstraZeneca.
O apelo para a
utilização rápida das vacinas está associado à indicação do Maláui na
quarta-feira, de que iria destruir mais de 16.000 doses da vacina da
AstraZeneca, porque tinham atingido o prazo de validade, inicialmente fixado
para 13 de Abril (seis meses) pelo instituto Serum.
O Maláui foi um dos 13
países aos quais a UA distribuiu um pacote de 925.000 doses de vacinas da
AstraZeneca, doadas pela empresa africana de telecomunicações MTN.
Entretanto, como a
autoridade reguladora indiana, no final de Março, prolongou o prazo de validade
das vacinas para nove meses – até 13 de Julho, decisão que aguarda aprovação –
a directora da OMS para África, Matshidiso Moeti, recomendou hoje noutra
conferência virtual que os países com doses expiradas as “armazenem em locais
seguros, até que possam receber uma recomendação sobre a sua utilização”.
“O prolongamento do
prazo de validade de um produto não é novidade. Sendo um produto novo ainda não
sabemos o quão estável ele permanecerá, especialmente falando nós de vacinas,
porque há muitos detalhes a considerar”, afirmou Moeti.
A AztraZeneca é a
principal vacina utilizada em África até agora, onde chegou principalmente
através da Covax. A UA confirmou no final de Março a compra de 220 milhões de
vacinas de dose única à Janssen, uma subsidiária da Johnson & Johnson
Pharmaceuticals, cuja distribuição está prevista para começar no terceiro
trimestre de 2021.
John Nkengasong também
apelou aos países com sobras de doses, especialmente os Estados Unidos da
América, a doá-las ao continente africano antes que o vírus se propague para lá
das cidades, os atuais “teatros de guerra” onde se encontra, e se estenda a
áreas mais remotas.
Até à data, África
registou um total de 118.849 mortes desde o início da pandemia, e 4.460.119
casos de infecção, segundo os dados oficiais de hoje no continente.
A pandemia de covid-19
provocou, pelo menos, 3.060.859 mortos no mundo, resultantes de mais de 143,8
milhões de casos de infecção, segundo um balanço feito pela agência francesa
AFP.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detectado no final de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China. ANG/Inforpress/Lusa
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