Moçambique/Mais de quatro milhões de moçambicanos necessitam de assistência urgente este ano
Bissau, 16 Jul 25 (ANG) - Cerca de 4,3 milhões de pessoas vão precisar de assistência humanitária urgente e proteção este ano em Moçambique, indica o Grupo de Segurança Alimentar das Nações Unidas, que alerta para o défice no financiamento.
De acordo com o relatório
do Grupo de Segurança Alimentar, criado em 2011 e liderado conjuntamente
pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) e
pelo Programa Alimentar Mundial (PAM), a crise humanitária é resultado dos
ataques terroristas no norte de Moçambique, com cerca de 763.324 afetados, e os
eventos climáticos extremos como a seca e os ciclones, que já afetaram mais de
3,5 milhões pessoas.
"Em abril, estima-se que mais de 461.745 pessoas foram
deslocadas internamente em Moçambique devido ao conflito, nas três províncias
do norte, e 701.462 teriam retornado de áreas de deslocamento", explica.
De acordo com o documento, também a insegurança alimentar
em Moçambique deverá piorar devido à combinação de choques climáticos,
conflitos e esgotamento das reservas alimentares.
Citando a última análise da Classificação Integrada da Fase de
Segurança Alimentar (IPC), divulgada em janeiro, o relatório do Grupo de
Segurança Alimentar avança que quase cinco milhões de pessoas enfrentaram
insegurança alimentar aguda grave (IPC Fase 3 ou superior) entre outubro de
2024 e março de 2025.
"Isso inclui 911.828 pessoas com probabilidade de vivenciar
a Fase 4 do IPC (Emergência) e 4 milhões de pessoas com probabilidade de
vivenciar a Fase 3 do IPC (Crise)", acrescenta.
De acordo com o grupo, até ao momento, foram desembolsados
apenas 11% do total de 392 milhões de dólares (337,9 milhões de euros)
necessários para assistir cerca de 2,16 milhões de pessoas em Moçambique.
O Grupo de Segurança Alimentar coordena respostas de segurança
alimentar durante e após uma crise humanitária, na disponibilidade, no acesso,
na utilização e na estabilidade de alimentos, com uma rede de mais de mil
parceiros em 29 países.
O número de ciclones que atingem Moçambique "vem aumentando
na última década", bem como a intensidade dos ventos, alerta-se no
relatório do Estado do Clima em Moçambique 2024, do Instituto de Meteorologia
de (Inam), noticiado no final de março pela Lusa.
Só entre dezembro e março últimos, na época ciclónica, o país
foi atingido por três ciclones - incluindo o Chido, o mais grave -, que, além
da destruição de milhares de casas e infraestruturas, provocaram cerca de 175
mortos, no norte e centro do país.
A província de Cabo Delgado, situada no norte do país, rica em
gás, enfrenta desde 2017 uma rebelião armada, que provocou milhares de mortos e
uma crise humanitária, com mais de um milhão de pessoas deslocadas.
As novas movimentações de extremistas no norte de Moçambique
incluem Niassa, província vizinha de Cabo Delgado, onde, desde a sua eclosão em
29 de abril, provocaram pelo menos a morte de dois guardas florestais que foram
decapitados.ANG/Lusa
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