Rússia/ Governo declara que não vai cumprir decisões do tribunal europeu
Bissau, 09 Jul 25(ANG) – A presidência russa (Kremlin) anunciou hoje que não vai cumprir as decisões do Tribunal Europeu dos Direitos Humanos (TEDH) que responsabilizam Moscovo por violações dos direitos humanos na Ucrânia, tendo classificado as deliberações da instância como insignificantes.
"Não as cumpriremos. Consideramos que são insignificantes", afirmou o porta-voz
presidencial, Dmitri Peskov, durante a sua conferência de imprensa diária.
O TEDH condenou hoje
a Rússia por violação do direito internacional na Ucrânia, sendo esta a
primeira vez que um tribunal internacional considera Moscovo responsável por
abusos dos direitos humanos na invasão da Ucrânia, iniciada em fevereiro de
2022.
Segundo o presidente
da instância judicial, o juiz francês Mattias Guyomar, a Rússia foi considerada
culpada pela execução de "civis e militares ucranianos fora de
combate", "atos de tortura", "deslocação injustificada de
civis" e "destruição, pilhagem e expropriação" durante uma
operação na região ucraniana do Donbass (leste da Ucrânia).
O TEDH também
anunciou a sua decisão sobre uma outra ação, interposta pelos Países Baixos,
considerando o Kremlin responsável pela queda do voo MH17 da Malaysia Airlines,
que matou 298 pessoas em 2014.
Em ambos os casos,
foram decisões inéditas, já que foi a primeira vez que um tribunal
internacional considerou Moscovo responsável por abusos dos direitos humanos
desde a invasão da Ucrânia em 2022 e que decidiu que a Rússia está por trás da
queda do voo MH17.
Todos os passageiros
e membros da tripulação do voo MH17 foram mortos quando o aparelho que
estabelecia a ligação entre Amesterdão e Kuala Lumpur foi atingido no leste da
Ucrânia, controlada pelos separatistas russófonos, por um míssil.
Estas foram as
primeiras decisões de um processo contra a Rússia que envolve quatro ações: as
duas primeiras, apresentadas pela Ucrânia em 2014, relacionadas com a guerra no
leste do país e com as ações russas, incluindo a deslocação forçada de crianças
para território russo e o envolvimento direto de Moscovo no financiamento e
armamento das tropas separatistas.
A terceira foi apresentada
pelos Países Baixos em 2020, a propósito da queda do voo MH17. Entre as vítimas
mortais, cerca de metade eram neerlandesas.
A quarta ação foi
novamente interposta pela Ucrânia após o início da guerra em 2022.
Embora a Rússia tenha
sido expulsa do Conselho da Europa em 2022, o TEDH mantém a jurisdição porque
os atos cometidos abrangem o período em que o país ainda era membro.
O TEDH é o órgão
jurisdicional do Conselho da Europa, organização criada em 1949 para defender
os Direitos Humanos, a Democracia e o Estado de Direito e que integra
atualmente 46 Estados-membros, incluindo todos os países que compõem a União
Europeia. ANG/Lusa

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