terça-feira, 9 de setembro de 2025

Costa do Marfim/Primeiro-ministro lança alerta sobre febre de Lassa que provoca 100 mil mortes anualmente no espaço CEDEAO

Abidjan, 09 Set 25 (ANG) – O Primeiro-ministro da Côte d´Ivoire alertou, segunda-feira, que a febre de Lassa é responsável por cerca de 300 mil  infeções anuais na África Ocidental,  das quais 100 mil resultam em mortes .

Robert Beugré Manbé discursava na Conferência internacional da CEDEAO sobre a febre de Lassa, promovida pela Organizada Oeste Africa da Saúde(OOAS) em Abidjan, na Côte d`Ivoire, em colaboração com  o governo da Côte d´Ivoire e a OMS.

A conferência deve durar quatro dias e reúne  cerca de 500 participantes,  cientistas, investigadores, médicos, decisores políticos, profissionais de saúde de estados membros da CEDEAO. 

O chefe do Governo ivoiriense destacou que até Maio  deste ano, mais de 65 epidemias foram registadas no continente africano, e que só a Cólera provocou cerca de seis mil mortes.

“Face à esta situação temos a obrigação de agir com vigor e rigor para proteger a saúde da nossa população e a assegurar um bem-estar. Neste quadro, muitas iniciativas  em curso merecem ser reforçadas. Tratam-se, nomeadamente, da prevenção, preparação e de resposta à estas epidemias”, disse  Mandé.

Acrescentou que a OOAS se empenha ativamente na gestão de ameaças e as crises sanitárias existentes no espaço CEDEAO, através  de estratégias que estão na origem da realização desta conferência .

Felicitou a OOAS pelas ações de assistência técnica que dispensa aos serviços competentes dos estados da região,  face as exigências sanitárias, não obstante os  raros recursos financeiros mobilizáveis.

“A presente conferência sob o tela “Para além das Fronteiras” vai reforçar a cooperação regional, para lutar contra a febre de Lassa e as doenças infectuosas emergentes”, disse.

Para Robert Beugré Mandé a conferência representa uma ocasião para se aprofundar a  reflexão sobre a segurança sanitária ligada à doenças emergentes no espaço CEDEAO.

Felicitou à todos os peritos e investigadores que deverão debater e partilhar experiências  e sobretudo propor soluções  aos decisores, a fim de diminuir o sofrimento das populações dos efeitos da febre de Lassa e outras doenças emergentes.

O Primeiro-ministro da Côte d´Ivoire disse estar convencido de que é preciso uma nova linguagem e nova visão que recaem, essencialmente, sobre a prevenção e atenuação dos riscos.

Disse que a  cooperação e solidariedade regional devem ser uma saída da luta contra as doenças ditas emergentes.

Robert Mandé sublinha  que cada estado da CEDEAO  deve beneficiar  de apoio multiforme de estados vizinhos , porque os vírus das doenças não têm fronteiras.

“Devemos todos ter o espírito de que uma epidemia localizada num país do espaço CEDEAO é  capaz de propagar para outros países da região. Os  estados  devem se esforçar,  em conjunto, para conter as  epidemias nas fontes, a fim de evitar as suas propagações",. Disse

Reafirmou o engajamento do seu país no apoio à todas as iniciativas que visam o combate as epidemias no conjunto dos países membros da CEDEAO e disse desejar que a conferência seja capaz de produzir soluções concretas a serem submetidos aos decisores dos estados da região .

“Individualmente cada país pode fazer bem mas coletivamente um país pode ser excelente”, vincou.

A frebe de Lassa, de origem animal(rato) é considerado um dos desafios de saúde pública mais persistente da África Ocidental.

Segundo um comunicado distribuído à imprensa, a OOAS e seus parceiros promovem a conferência de Abidjan  para partilha das mais recentes avanços  científicos, e estratégias inovadoras de controlo e abordagem colaborativas, para a prevenção, diagnóstico e tratamento de Lassa- uma febre hemorrágica viral  endémica  em parte de África Ocidental, associada a elevada morbilidade e mortalidade.

Para além de discursos, a conferência ainda contempla  atividades em formatos de  painéis e workshops técnicos, em que são abordados os avanços de desenvolvimento de vacinas e diagnósticos; envolvimento comunitário e estrategas de preparação; vigilância,  resposta a surtos e colaboração transfronteiriça; quadro político para um controlo sustentável e de eliminação das doenças.

A conferência ainda inclui  uma mesa-redonda ministerial, co-presidida pelo Diretor-geral da Organização Oeste Africana da Saúde, Melchior Athanase Aissi, pelo ministro da Saúde  e Bem-Estar Social da Nigéria, Professor Muhammad Ali Pate e pelo ministro da Saúde , Higiene Pública e da Cobertura Universal da Saúde da Côte d´Ivoire, Pierre N´Dimba.

A febre de Lassa, refere o comunicado, representa uma séria ameaça a saúde pública , e uma em cada cinco infeções resulta em doença grave e o vírus afeta vários órgãos, como o fígado, o baço e os rins.

“Para além do impacto na saúde , a inexistência de uma vacina e a ausência  de um medicamento antiviral aprovado acarreta graves consequências socioecónomicas, sobretudo para comunidades rurais desfavorecidas”, lê-se no comunicado.

A Guiné-Bissau é representada  nesta conferência pelo ministro da Saúde Pública, Augusto Gomes.

O DG da OOAS disse que a conferência é um apelo à ação para enfrentar os desafios persistentes associados à febre de Lassa, promovendo avanços na investigação, nos diagnósticos e em soluções  lideradas pelas comunidades, ao  mesmo tempo que reforça as estratégias de preparação e resposta contra  doenças zoonóticas. ANG

(Despacho de Salvador Gomes, jornalista convidado pela CEDEAO para cobertura da conferência)

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