segunda-feira, 15 de setembro de 2025

França/Arranca julgamento de francesas ligadas ao autoproclamado Estado Islâmico

Bissau, 15 Set 25 (ANG) - Três mulheres suspeitas de pertencerem ao grupo Estado Islâmico na Síria, incluindo a sobrinha dos irmãos Clain que assumiram a responsabilidade pelos ataques de 13 de Novembro de 2015 em França, são julgadas em Paris, a partir desta segunda-feira.

Elas são acusadas de associação criminosa terrorista e arriscam uma pena de até 30 anos de prisão. O julgamento decorre até 26 de Setembro.

Jennyfer Clain, 34 anos, tinha casado com um alegado elemento do Estado Islâmico, Kevin Gonot, e é sobrinha de Jean-Michel e Fabien Clain, dois responsáveis de propaganda do Estado Islâmico, presumivelmente mortos na Síria e que reivindicaram os atentados de 13 de Novembro de 2015, em França, que fizeram 130 mortos e mais de 350 feridos. As outras duas arguidas são Mayalen Duhart, casada com outro alegado membro do Estado Islâmico, Thomas Collange, e Christine Allain, sogra das duas outras arguidas.

Jennyfer Clain casou aos 16 anos com Kevin Gonot, o pretendente escolhido pelo tio Jean-Michel Clain, e foi para Raqqa, na Síria, em 2014, onde o marido  também se tornou membro do Estado Islâmico. A mãe de Kevin Gonot, Christine Allain,67 anos, também se tinha mudado para lá. Mayalen Duhart, 42 anos, esposa do seu outro filho, Thomas Collange, viajou várias vezes com ele, desde 2004, para a Síria, onde se instalou definitivamente em 2014, três anos após o início da guerra.

As três arguidas foram expulsas da Turquia e formalmente acusadas quando chegaram a França, em Setembro de 2019, acompanhadas por nove crianças, com idades entre três e 13 anos. Tinham sido detidas dois meses antes na província turca de Kilis, que faz fronteira com a Síria, dois anos depois da queda de Raqqa, quando seguiram o grupo Estado Islâmico que ia perdendo território face às ofensivas curdas. Kevin Gonot e Thomas Collange foram detidos durante esta retirada, tendo o primeiro sido condenado à morte no Iraque em 2019.

Os juizes de instrução consideraram que as três arguidas “mantiveram-se ao longo do tempo” nos grupos jihadistas e que escolheram juntar-se ao Estado Islâmico na Síria, tendo beneficiado, com o resto da família, de salários e alojamentos fornecidos pelo grupo terrorista.

Jennyfer Clain e Mayalen Duhart também são acusadas de negligência parental por terem levado voluntariamente os seus filhos, quatro cada, "para uma zona de guerra para se juntarem a um grupo terrorista, expondo-os a um risco significativo de danos físicos e psicológicos" e "traumas graves".

Em 2022, no julgamento do 13 de Novembro, os irmãos Clain foram condenados à revelia a prisão perpétua. Fabien Clain tinha lido o comunicado a reivindicar os atentados, enquanto o irmão o acompanhava com cânticos religiosos. ANG/RFI

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