França/ Grupo de 17 ONG pede anulação do acordo franco-britânico
Bissau, 14 Out 25 (ANG) Um grupo de 17 organizações não-governamentais
solicitou ao Conselho de Estado, o mais alto tribunal administrativo de França,
a suspensão do acordo migratório franco-britânico, que considera
"contaminado pela ilegalidade", foi hoje anunciado.
O grupo de 17 organizações não-governamentais (ONG), entre as quais se inclui
a Médicos do Mundo, a Utopia 56 e a Secours Catholique (da Caritas), apresentou
dois recursos na sexta-feira, um a solicitar a anulação e o outro a suspensão
de emergência do decreto de implementação do acordo concluído este verão.
O acordo prevê o regresso a França dos migrantes que chegaram a bordo de pequenas embarcações ao Reino Unido, em troca do acolhimento de migrantes atualmente em França, numa base "um por um".
Assinado em julho, o acordo entrou em vigor em França com a publicação, a
12 de agosto, de um decreto de implementação no Jornal Oficial, equivalente ao
Diário da República em Portugal.
"O decreto de aplicação deste acordo está contaminado pela
ilegalidade, uma vez que não cumpre o procedimento previsto pela
Constituição", denunciaram as ONG em comunicado.
O artigo 53.º da Constituição francesa estipula que um acordo desta
natureza "deve, antes de ser publicado pelo Governo, ser submetido a
ratificação do parlamento", explicou o advogado das ONG requerentes Lionel
Crusoé, criticando "o facto de não ter havido debate democrático sobre o
conteúdo" do documento.
Crusoé invocou ainda a existência de precedentes que fazem jurisprudência,
apontando que o Conselho de Estado emitiu, no passado, "pelo menos 10
decisões" a anular decretos de aplicação de acordos internacionais, com
base no artigo 53.º.
As ONG solicitam ainda a suspensão do acordo franco-britânico enquanto se
aguarda decisão sobre a anulação.
O Governo britânico, pressionado para reduzir a imigração irregular, espera
que o acordo desencoraje as tentativas de travessia ilegal do Canal da Mancha a
partir de França.
Mas, segundo as ONG requerentes, mesmo depois da implementação do acordo,
"as travessias não autorizadas e perigosas do Canal da Mancha não diminuíram".
Mais de 8.400 migrantes chegaram ao Reino Unido em embarcações improvisadas
desde 12 de agosto, de acordo com uma contagem feita pela agência de notícias
francesa AFP baseada em dados oficiais britânicos.
Segundo a contagem, desde o início do ano, pelo menos 35.500 pessoas
chegaram às costas inglesas nestes pequenos barcos.ANG/Lusa

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